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É preciso estudar

O Portal do Conhecimento – Admiradores da Umbanda tem como objetivo, instruir a todos praticantes ou não praticantes da nossa religião. A Umbanda é uma religião 100% brasileira, com raízes Africanas, raízes do Espiritismo (Alan Kardec) e raízes dos nossos Índios (Xamãs).

Se quiser mais informações da religião, detalhes do seu surgimento no nosso país (Brasil), acesse o menu “sobre a umbanda”, na parte superior do nosso site.

A partir de agora iremos focar em instruções básicas da nossa religião para as pessoas que gostariam de adquirir um pouco mais de conhecimento ou adicionar um pouco mais de proteção na sua Fé.

Iremos iniciar já com um exercício prático de Fortalecimento das Forças da Esquerda e da Direita, o médium ou admirador da religião, já podem fazer o exercício abaixo, pois isso já potencializará as energias vinculadas a você com seus guias amparadores.

Introdução

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Parte 001

PARTE 001 - FORTALECENDO FORÇAS DA ESQUERDA

 

NOTA 001 – “SEMPRE REVERENCIAR A ESQUERDA EM 1o LUGAR”

Se você for arrear uma oferenda, sempre inicie com a esquerda, se você for entrar numa mata, peça licença a esquerda (Exú da Porteira), se você for visitar um cemitério, peça licença a esquerda (Exú da Porteira), daremos mais detalhes a frente…

 

TRIANGULO DE FORÇAS DA ESQUERDA

(FIRMEZA DE MANUTENÇÃO)

 

Todos (praticantes ou não praticantes), sem exceção, podem fazer o Triangulo de Forças da Esquerda em sua casa, o objetivo é fortalecer as forças amparados da esquerda com você. Todos temos nossos amparadores da esquerda nos protegendo (Exús e Pombagiras).

Aonde deve riscar o Triangulo de Forças?

  • fora da casa (varanda, quintal, área de lava roupa próxima a porta de saída dos fundos)
  • nunca (quarto, banheiro, cozinha, ou seja dentro de casa)

Material utilizado

  • Pemba Preta ou Giz Preto
  • 3 velas sendo (1 preta, 1 vermelha e 1 preta e vermelha)

Procedimento do Triangulo Riscado

  • Escolha o local adequado em sua residência
  • Risque o triangulo com a Pemba Preta
  • Coloque as velas nas pontas de cada triangulo (3 velas)
  • No centro do triangulo pode-se colocar:
    • Copo com pinga (Exú)
    • Copo com pinga com mel (Exú Mirim)
    • Taça de Champanhe (Pombagira)
    • Charuto, Charutinho, Cigarro
    • Qualquer elemento da esquerda

imagem ilustrativa

Triangulo de Forças da Direita

Exú

Médium de Joelhos

 

Após riscar o ponto agora devemos ascender as velas e consagrar o espaço riscado.

Evocação Básica que o médium deverá falar ajoelhada de frente para o Triangulo.

  • Eu evoco a Deus,
  • Os sagrados orixás,
  • A lei maior e Justiça Divina,
  • Esquerda bendita, meu Exú Guardião, minha Pombagira Guardião e meu Exú Mirim Guardião,
  • Peço que atuem em meu benefício, através desse triangulo, me amparando e protegendo dos 7 sentidos da vida,
  • Recolhendo seres trevosos, magias, pensamentos e rezas negativas, o que afeta o meu espiritual,
  • E peço-lhes que (agora você pode pedir tudo o que quiser como emprego, dinheiro, saúde, abertura de caminhos, etc…. pensando sempre no positivo)
  • Assim seja, assim será AMÉM.

Qual a periocidade que devemos fazer o nosso Triangulo de Forças da Esquerda?

  • 1 vez na semana é o recomendável para quem trabalha mediunicamente
  • 1 vez a cada 2 semanas para todos em geral

Podemos substituir as velas Palitos por velas de 7 dias?

  • Sim, qualquer pessoa pode substitui-las

Horário ideal para risca-lo em casa?

  • Entre 06:00 até 23:59
  • Evite a madrugada, pois às 03:00 abrirá um portal que pode ser prejudicial a você. Na madrugada é o momento aonde forças trevosas estão mais presentes em nosso plano.

 

NOTA 002 – “SEGURANÇA COM VELAS”

Tome o máximo de cuidado com velas, verifique o local que irá ascende-las, para não causar incêndios. Outro cuidado são com cães e gatos, para eles não terem acesso as velas, pois poderão tomba-las. Existe protetores de alumínio que sustentão as velas palitos em pé até o final da queima e também existem os protetores de velas de 7 dias (vidro) que ajudam a manter a segurança na residência.

 

  Assista nosso vídeo explicativo e prático da execução do Triangulo de Forças da Esquerda, com nossa médium Monica Variani, maiores detalhes na pagina do video em “MAIS INFORMAÇÕES”.

Parte 001

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Parte 002

Parte 002 - (FORTALECENDO SUAS FORÇAS DA DIREITA)

 

TRIANGULO DE FORÇAS DA DIREITA

(FIRMEZA DE MANUTENÇÃO)

Como havíamos dito, todos, sem exceção, também podem fazer o triangulo de forças da direita em sua casa, o objetivo desse ponto riscado é fortalecer as forças dos orixás da sua coroa com você. Esse ponto proporcionará uma ligação mais afinada com seus orixás.

Aonde deve riscar o Triangulo de Forças?

  • dentro de casa (cozinha, sala, quarto)
  • nunca (varanda, banheiro, área de lavar roupa próximo a porta de saída dos fundos)

Material utilizado

  • Pemba Branca ou Giz Branco ou Efum Africano
  • 4 velas brancas (para quem não sabe seus orixás de cabeça)
  • 1 vela Palito Branca + 3 velas Palitos da cor dos Orixás de cabeça do médium

Procedimento do Triangulo Riscado

  • Escolha o local adequado em sua residência
  • Risque o triangulo com a Pemba Branca
  • Coloque as velas nas pontas de cada triangulo (3 velas)
  • Coloque 1 vela no centro do Triangulo, conforme imagem abaixo, essa vela central significa o (EU), seu anjo da guarda

 

imagem ilustrativa

Triangulo de Forças da Direita

Orixá Ancestral


Médium de Joelhos

 

Após riscar o ponto agora devemos ascender as velas e consagrar o espaço riscado.

Evocação Básica que o médium deverá falar ajoelhada de frente para o Triangulo.

  • Eu evoco a Deus,
  • Os sagrados orixás,
  • A lei maior e Justiça Divina,
  • Eu evoco os Orixás amparadores da minha coroa (se souber os nomes fale),
  • E peço-lhes amparo, proteção e que guie minha caminhada se tornando força viva em minha vida,
  • Me amparando e me protegendo de forças trevosas, que querem me tirar do caminho da lei e da ordem divina,
  • Peço lhes pela limpeza, amparo e proteção da minha casa e de toda minha família que aqui convive comigo,
  • Assim seja, assim será AMÉM.

No Final 3 respirações (inspira pelo nariz e solta pela boca) e suas mãos de frente para o triangulo com a palma para baixo consagrando o Triangulo.

Qual a periodicidade que devemos fazer o nosso Triangulo de Forças da Direita?

  • 1 vez na semana é o recomendável para quem trabalha mediunicamente
  • 1 vez a cada 2 semanas para todos em geral

Podemos substituir as velas Palitos por velas de 7 dias?

  • Sim, para os médiuns que sabem os orixás da sua coroa
  • Para quem não sabe, nossa sugestão é utilize as velas palitos brancas nas pontas do triangulo e caso venha uma intuição, você poderá utilizar 1 vela de 7 dias branca no centro do triangulo, pois ela é seu anjo da guarda.

Horário ideal para riscá-lo em casa?

  • das 07:00 até as 21:50

Parte 002

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Parte 003

Parte 003 - (O QUE É A NOSSA ESQUERDA E A NOSSA DIREITA)

Para entendermos um pouco o significado das palavras Esquerda, Direita, Guias, Orixás, devemos entender um pouco o desenho abaixo representado por um gráfico cartesiano com as seguintes divisões:

  • ao Alto (com 7 níveis) na cor Azul Clara – Polo Positivo +
  • ao Embaixo (com 7 níveis) na cor Preta – Polo Negativo –
  • a Direita na cor Amarela – Polo Positivo +
  • a Esquerda na cor Vermelha – Polo Negativo –

Memorize esse gráfico em sua mente, pois iremos descrever o significado de cada nível, cada divisão e suas respectivas cores.

 

 

ESCREVENDO

 

Parte 003

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Parte 004

Parte 004 - Leitura dos Orixás na cabeça do Médium

A leitura de cabeça (Orixás) é um ritual da religião umbandista e de suma importância para todos os praticantes médiuns e não médiuns.

A partir dessa leitura, você saberá quais os orixás que regem sua coroa, e é subdividida em:

  • Orixá de Frente
  • Orixá Ancestral
  • Orixá Adjuntó

O conhecimento dos nomes dos orixás de sua coroa norteará ao médium a desenvolver uma conexão mais firme e direta para sua evolução espiritual, pessoal, material, etc.

A leitura de cabeça na Umbanda normalmente é executada em uma gira especial de leitura de COROA ou ORI, onde o sacerdote na casa, tem esse fundamento.

Em outras religiões essa leitura pode ser feita através de oráculos, como jogo de búzios, por exemplo.

 

Entendendo um pouco sobre Orixás?

Sua origem começa quando Deus, no seu mais infinito amor, lhe gera na forma de uma centelha divina e entrega a um casal de Orixás, para ser fatorado em seu útero divino.

Se o Orixá dominante for masculino, sua essência será masculina e se o Orixá dominante for feminino, sua essência será feminina, ou seja este casal de Orixás será seus pais Ancestrais.

Você ainda não é um espirito, é uma centelha divina no plano fatoral. Com sua evolução, você passa ao plano essencial, onde se alimentará de essência de um novo casal de Orixás, receberá a essência divina destes Orixás.

A evolução continua e após passar pelo plano essencial, passará para o plano elemental, onde outro casal de Orixás Elementares, lhe ampararam, e alimentaram.

Com a continua evolução o próximo plano, será a realidade encantada, onde outro casal de Orixás Encantados lhe receberam.

No plano natural, existem 77 dimensões, uma das dimensões naturais é a realidade humana, onde começamos a encarnar e desencarnar.

A cada encarnação muda nosso Orixá de Frente e nosso Orixás Adjuntó, nada mudando na nossa origem.

Nossos Orixás Ancestrais serão sempre os mesmos, pois eles nos fatoraram e encaminharam para evolução.

Nada importando qual é nosso corpo biológico, pois o que importa é quem é nosso Orixá Ancestral dominante, esta será sempre nossa origem, se for masculina, sempre será masculina, se o Orixá dominante for feminino, nossa origem será sempre feminina.

Assim o Orixá Ancestral dominante estará sempre no chákra central da nossa coroa, e outro Orixá Ancestral será o Orixá Recessivo e estará sempre vibrando no nosso chákra básico.

O Orixá de Frente vibrará no nosso chákra Frontal e o nosso Orixá Frontal estará no nosso chákra oposto ao frontal, na nuca.

O nosso Orixás Ancestral rege a sua natureza intima, que ninguém vê.

A sua natureza que todo mundo vê, é seu Orixá de Frente, ele cuida dos aspectos racionais da sua vida, mostra sua natureza racional, como você é, como você pensa e age, como você se mostra para as pessoas.

O Orixás Adjunto rege sua natureza emocional, como pensa, age, como fala de forma emocional.

Seu Orixá de Frente é responsável por irradiar as virtudes dele que você precisa para evoluir, aprender na encarnação atual. Você vai absorvendo estas qualidades.

Por ser uma irradiação muito forte, uma vez que você não tem estas virtudes, o papel do seu Orixá Adjuntó fica responsável por equilibrar esta irradiação.

 

imagem disponível na internet

Agora que você sabe o que e quais os orixás que regem sua coroa, pergunta…

 

Como devo proceder no meu dia a dia?

Vamos te dar alguns exemplos que devem ser seguidos:

  • Triangulo de Forças da Direita, quando você não sabe quais são seus orixás de cabeça, você utiliza 4 velas brancas, sendo 1 em cada ponta do triangulo e 1 central, mas quando você sabe quais são seus orixás de cabeça, você utilizará também 4 velas, mas agora com a cor refente aos seus orixás regentes e mantem a vela branca ao centro.
  • Suas guias utilizadas nas giras deverão estar presentes e fundamentadas na regência dos orixás de sua coroa.
  • Oferendas deverão ser consagradas pelo menos 1 x ao ano para sua regência.

Enfim, poderíamos enumerar outros exemplos,mas de agora em diante todas as suas forças deverão ser consagradas primeiramente a esses orixás, depois o restante deles.

Parte 004

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Parte 005

Parte 005 - O que significa a gira de umbanda?

Gira ou Jira (no idioma quimbundo nijra, caminho), na Umbanda, é a reunião, o agrupamento de vários espíritos de uma determinada egrégora, que se manifestam através da incorporação nos médiuns.

A gira pode ser:

  • Festiva
  • Trabalho
  • Desenvolvimento

exemplo de uma casa umbandista no momento de uma gira

Qual é o preparo que um terreiro deve ter antes da gira acontecer?

O preparo deve ser subdividido em:

  • Físico
  • Espiritual

Físico – ocorre com a limpeza física do terreiro (moveis, utensílios e o chão) ou seja todo o espaço ocupado pelo terreiro (antes e depois da gira).

O Altar (conga), deve estar sempre limpo e organizado com as toalhas, flores, velas, elementos dos Orixás e Guias e com as imagens destacadas.

A Curimba deve estar limpa e organizada, normalmente os instrumentos sempre estão cobertos com panos, para proteção material e espiritual, pois é um instrumento sagrado e consagrado, geralmente ao Orixá do Ogã da casa.

Espiritual – da mesma maneira que ocorre o preparo físico do terreiro, as entidades espirituais responsáveis pela casa, também preparam o ambiente espiritual para os trabalhos a serem realizados, através do equilíbrio, sustentação, limpeza, proteção, força, amparo aos trabalhos que serão realizados.

 

Qual é a frequência de uma gira de Umbanda no terreiro?

Normalmente uma casa espiritual umbandista tem como ritual a abertura de giras para atendimento, com a frequência semanal, mas isso é determinado pelo sacerdote da casa e pelos tipos de trabalhos que a casa oferece.

Cada casa tem seu perfil de atendimento ritualístico, não existe uma norma determinada que todos seguem, cada terreiro tem sua política.

Outras variáveis que encontramos é o dia da gira. Muitos terreiros o que determina o dia da gira, é o dia da semana do orixá regente da casa, por exemplo, se o orixá regente da casa for de Oxóssi, normalmente a gira será ás 5ª feira, mas isso não é uma regra, somente detalhes do que ocorre em alguns terreiros.

 

Como um médium deve se preparar para um trabalho mediúnico?

Para um médium a gira de umbanda, 24 horas antes da abertura dos trabalhos, ou seja, no dia anterior, com os cuidados:

  • Mental
    • Procurar ter pensamentos leves
    • Evitar atritos
    • Adiar conversas com pessoas que tragam desgastes
  • Físico
    • Não ficar na rua após 0:00 noite, um dia antes da gira
    • Evitar balada
    • Não fazer sexo casual
    • Não tomar bebida alcóolica
    • Fazer alimentação leve no dia da gira
    • Não comer carne vermelha
  • Espiritual
    • Fazer a firmeza da esquerda de trabalho
    • Fazer a firmeza da direita
    • Ascender e consagrar uma vela, ao guia que irá trabalhar no dia da gira
    • Consagrar (pelo menos 3) ervas do guia que irá trabalhar, fazer e tomar este banho, após o banho de higiene

Na gira as pessoas giram, dançam para facilitar a incorporação, para ampliar seu campo vibratório.

 

O que fazer antes da uma gira?

  • Tomar banho de limpeza, defesa e energização
  • Fazer a firmeza de força da esquerda (pagina 001)
  • Fazer a firmeza de força da direita (pagina 002)

Essas firmezas devem ser feitas no mínimo no mesmo dia ou até 3 dias antes.

A roupa deve ser de uso exclusivo e espiritual, não devemos emprestar essa roupa para ninguém e se possível lavar separada das roupas de outras pessoas e de suas roupas pessoais.

 

O que o médium deve fazer ao chegar no terreiro?

Ao chegar no terreiro, saudar os guardiões da casa em primeiro lugar (as forças de esquerda assentadas na tronqueira do terreiro), pedindo licença para ao Exú Guardião da casa para adentrar naquele espaco.

Ao chegar na entrada do quadrante de trabalho, saudar o solo de trabalho.

Peço licença para adentrar, nesse solo sagrado. Fazendo o sinal da cruz no solo de entrada no quadrante, dizendo “Eu saúdo a Alto, o Embaixo, a Esquerda, a Direita.

 

Qual a vestimenta que o médium deve vestir para o trabalho no terreiro?

O médium tem que estar ciente do calendário das giras do terreiro, para sua preparação, conforme adotado pela casa, lembrando que as vestimentas devem estar sempre em ordem e limpíssimas. Sendo lavadas após as giras, separadamente da roupa usual do dia a dia do médium.

Cada casa adota uma vestimenta própria, a mais simples e discreta possível, que normalmente são:

GIRA DE ESQUERDA

  • Pano de cabeça para as mulheres e Filá para os homens
  • Camiseta preta ou vermelha
  • Calça preta ou saia vermelha ou preta
  • Calçado pode ser uma sapatilha preta, tênis preto ou descalço
  • Guia(s) da esquerda e pelo menos uma guia da direita, geralmente do orixá de frente
  • Avental preto com bolso
  • Estola

GIRA DE DIREITA

  • Pano de cabeça para as mulheres e Filá para os homens
  • Camiseta branca
  • Calça branca ou saia branca
  • Calçado pode ser uma sapatilha branca, tênis branco ou descalço
  • Guia(s) da esquerda, do orixá de frente e do orixá que será regida a gira (minimo)
  • Avental branco com bolso
  • Estola

 

Após o médium estar trocado e dentro do quadrante….

1º lugar deve-se referenciar novamente a esquerda. Se a casa tiver um espaço externo (casa de Exú) o médium deverá ir adentrar nessa casa com suas guias de esquerda e bater PAÔ e pedir proteção e esquerda da casa e aos seus guias pessoais de esquerda de trabalho, para sua proteção e amparo ao trabalho que será realizado.

Mas se a casa não tiver a casa de Exú e tiver o espaço da esquerda dentro do terreiro, o médium deve-se 1º referenciar a esquerda (bater PAÔ) e com suas guias de esquerda referenciar os Guardiões de esquerda da casa e pedir proteção e amparo para guias de esquerda, de trabalho e guardião.

 

NOTA 003 – “ATO DE BATER PAÔ”

É um gesto que serve como sinal de que se é preciso comunicar alguma coisa, mas não se pode falar, se comunicar por algum motivo. É usado também como saudação para orixá.

É uma palavra em yorubá que significa: “pa” = juntar uma coisa com outra; “o” = para cumprimentar… Essa palavra é uma contração de ìpatewó que significa aplauso.

O paô bate-se 3 vezes assim…
1+ 3 + 7 vezes
Intervalo
1 + 3 + 7 vezes
Intervalo
1 + 3 + 7 vezes

som das palmas (PAÔ)

E depois do paô, vem a saudação, por exemplo:
_ “Laroye Exu … Exu é mojubá”

_ “Laroye Pombagira … Pombagira é mojubá”

_ “laroye Exú-Mirim … Exú-Mirim é mojubá”

 

Utilizado para pedir permissão para entrar, saudar e pedir licença.

Depois o médium deve saudar a direita…..

Da frente para o altar e para a esteira aberta, ainda de pé fazer a saudação aos seus guias e orixás.

  • Segurar as guias de direita, trazê-las a boca, beijando-as e depois a testa, fazendo a seguinte saudação, “Em nome de Deus eu saúdo, minhas forças da direita, e peço a permissão para que me deem proteção, amparo, equilíbrio e força para o trabalho que irei executar”. Conforme orientação da casa.
  • Após esta saudação deitar sobre a esteira para o ato de bater cabeça.

 

ATO DE “BATER CABEÇA NA UMBANDA”

ato de bater cabeça em frente ao altar ou congá
  • Sobre a esteira, estique a estola ou um pano branco
  • em sinal de respeito, deitar sobre a esteira (aberta no chão em frente ao congá), de barriga para baixo e mãos abertas para cima ao lado da cabeça. (quando não houver esteira ajoelhar olhando de frente para o altar)
  • bate-se levemente a testa 3 x no chão
  • depois bate-se 3 x o lado esquerda na cabeça
  • depois 3 x o lado direito da cabeça
  • após isso, relaxar com a testa apoiada no chão
  • Orar aos orixás firmados no congá, se colocando à inteira disposição dessas forças, se doando por completo ao trabalho que irá ser realizado
  • pedindo equilíbrio, amparo e proteção para os trabalhos que irão ser realizados
  • pedir para que todos que foram buscar auxilio de alguma maneira, sejam ajudados conforme seus merecimentos, e que o terreiro e o sacerdote consigam conduzir a gira com equilíbrio e harmonia a todos ali presentes

Após o médium saudar a esquerda e a direita, deve-se permanecer dentro do quadrante em silêncio, para que suas forças já comecem a entrar em sintonia com a vibração da casa.

 

NOTA 004 – “PANO DE CABEÇA OU FILÁ”

Pano de cabeça (feminino) ou Filá (masculino), tem como função a proteção a coroa do médium e também é sinal de respeito para com as divindades, ele evita que sua energia saia e desequilibre as energias do local e outras energias entrem desequilibrando o médium.

O que são apetrechos de trabalho de um médium?

São materiais, elementos físicos que os médiuns usam no momento do atendimento aos consulentes, para potencializar as energias utilizadas no momento de trabalho (incorporação), com:

  • afastamento de obsessores
  • encaminhamento de sofredores
  • quebras de demandas
  • manipulação de energias
  • equilíbrio e cortes de energias
  • entre outros

Esses apetrechos de trabalho normalmente são solicitados pelas entidades de cada médium, como:

  • toalhas brancas
  • velas
  • pembas
  • charutos
  • cachimbos
  • cigarros
  • ervas frescas
  • perfumes
  • fitas
  • punhais
  • chocalhos
  • tesouras
  • leques
  • Espelhos
  • entre outros

 

O que são as guias de proteção de um médium?

São condensadores energéticos utilizados pelos Guias da Lei, para descarregar acúmulos negativos alojados em campos eletromagnéticos.

Com a duração do atendimento as energias vão sendo condensadas às guias que protegem o corpo energético dos médiuns, livrando-os de sobrecargas e desarmonia durante os trabalhos. Como se fosse um para-raio.

Essas guias devem ser confeccionadas ou adquiridas conforme solicitação e orientação das entidades, pois elas são os protetores do médium.

A montagem e as cores das guias devem ser respeitadas pois são direcionadas pelas entidades no plano espiritual, dentro do mistério de cada egrégora.

Os médiuns devem cuidar de suas guias com respeito, carinho e zelo.

Para limpa-las ou descarrega-las, as guias da direita devem ser levadas ou banhadas com água do mar ou de cachoeira, com banho de ervas, do orixá ou guia correspondente, ou defumadas. Já as guias de esquerda podem ser limpas e descarregadas com a bebida alcóolica correspondente a entidade.

Deve-se tomar cuidado com guias que possuem sementes naturais, pois não poderão ser embebidas  em liquido, apenas passar o liquido nas sementes, pois pode estraga-las.

 

modelos de guias e brajas da umbanda

Cuidados que o médium deve ter com suas guias?

Não deve:

  • emprestá-las
  • colocá-las no chão
  • pedir para alguém da assistência segurá-las
  • levar ao banheiro
  • armazenar as guias da direita junta na mesma bolsa com a da esquerda

 

Como deve ser guardadas as guias?

  • guias da direita devem ser enroladas em um tecido branco ou em uma bolsa de tecido branco, se houver separadores ficará perfeito
  • guias da esquerda devem ser enroladas em um tecido preto ou colocadas em uma bolsa de tecido preto

Parte 005

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Parte 006

Parte 006 - O que é Defumação e para que serve?

A defumação é um ritual magístico, feito com a queima de ervas secas, que produz uma fumaça, a qual é passada no ambiente e nos médiuns.

Sua principal função é diluir as energias negativas condensadas, purificar o ambiente e suavizar as vibrações deixando o ambiente do terreiro mais receptivo as energias positivas.

Nos médiuns dilui cargas fluídicas, descarregam o campo mediúnico e suavizam suas vibrações, tornando-os receptivos a energias positivas.

A defumação nos consulentes é usada para diluir as cargas energéticas trazidas por eles, deixando-os mais receptivos as energias que eles irão receber no terreiro.

                             defumador                                          terreiro sendo defumado

Elementos usados para preparação da defumação:

  • Fogo
  • Carvão
  • Álcool
  • Resinas
  • Ervas desidratadas
  • Fumos
  • Essências

Seu principal veiculo de expressão visual é representado pela FUMAÇA, é sem dúvida um limpador eficiente de energias etéricas e eletromagnéticas.

A defumação inicia-se pelo:

  • Altar ou Congá
  • Atabaques e Curimbeiros
  • Sacerdote (seguir a hierarquia da casa)
  • Mediuns
  • Os 4 cantos da casa
  • Consolencia
  • Exterior (se houver)

Os médiuns quando estão recebendo a fumaça da defumação devem sempre dar um giro completo, começando pela esquerda e depois para a direita, como se toda a fumaça da defumação penetrasse 100% em seu corpo físico e mediúnico.

No final o incensário deverá permanecer ao lado externo da casa. O braseiro deve estar bem acesso pois queimará até virar cinzas.

A defumação é feita no inicio dos trabalhos, com cantos de pontos específicos para esse ato. Todos que estão participando da gira devem cantar junto com a curimba e seus médiuns.

As ervas utilizadas para de defumação tem fundamento, varia de casa para casa, mas tem sempre vínculo com o orixá regente da gira.

Vamos dar um exemplo: se a gira for de Preto Velho, provavelmente o terreiro utilizará ervas para esses guias, como:

  • Arruda
  • Benjoim
  • Guiné

Sem dúvida a defumação é um dos rituais mais conhecidos dentro de um terreiro.

Parte 006

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Parte 007

Parte 007 - Como construir seu Altar?

O altar é um ponto de força, de irradiações das divindades consagradas (somente direita), que irão alcançar a todos que estão de frente para o altar, preenchendo todo o ambiente.

Pois o altar é um portal de energias, do qual capta as irradiações verticais das divindades e irradia horizontalmente essas irradiações.

A construção do altar pode ser feito de 2 maneiras:

  • vertical
  • horizontal

 

na posição vertical…

O altar deve ter ao centro e ao alto a figura do Pai Oxalá e abaixo os Orixás do dirigente do terreiro, sendo ao centro e abaixo de Pai Oxalá, o Orixá Ancestral, á direita o Orixá de Frente e a esquerda o Orixá Adjuntó.

 

 

na posição horizontal…

O altar deve ter ao centro e ao alto a figura do Pai Oxalá (coloque ele numa base elevada) e ao seu lado os Orixás do dirigente do terreiro/médium (Orixá Ancestral, à direita e o Orixá de Frente à Esquerda) e completa com o Orixá Adjuntó a esquerda também.

As outras imagens de Orixás vão sendo adicionados ao lado (direito e/ou Esquerdo), após a colocação das imagens de todos os Orixás presentes iremos agora adicionar as imagens dos seus guias como, Pretos Velhos, Marinheiros, etc.

Essas imagens devem ser condicionadas nas partes dos extremos da direita e/ou da esquerda com altar.

 

 

O altar também é composto por elementos correspondentes aos Orixás consagrados nele, como velas, pedras, minérios, flores, ervas, raízes, sementes, frutas, ferramentas, assentamentos e firmezas.

Além dos templos religiosos, as casas dos fiéis também pode ter um altar, usando os mesmos critérios que os usados nos terreiros.

 

Parte 007

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Parte 008

 

OS TRONOS DE OLORUM – (DEUS)

 

Este trabalho de revelação do Mistério “TRONOS DE OLORUM – DEUS” é fruto de uma Vontade Maior que tem se manifestado por meio de uma psicografia realizada pelo médium Rubens Saraceni, pela qual uma nova abordagem dos mistérios divinos tem sido feita pelos Mestres de Luz.

Aos poucos um raio do conhecimento superior foi enviando parte da ciência divina e o Mistério “Orixás” foi sendo revelado de forma admirável.

Se antes só tínhamos as lendas para estuda-las e entendermos a divindade de sua natureza, aos poucos fomos juntando as peças fundamentais que sustentam as religiões: Os Tronos de Deus.

Sim, essa classe divindades, ao contrário dos Anjos e Arcanjos, ainda não havia se revelado a nós , os espíritos encarnados , e o que tínhamos sobre esse mistério era o seu enquadramento como uma classe de anjos.

Sabemos que Deus gerou em Si várias classes de divindades, e também que umas complementam as outras na sustentação da criação divina, na manutenção dos princípios que a regem e na realização das vontades maiores pelo nosso Divino Criador.

Serafins, Querubins, Tronos, Dominações, Potências, Virtudes, Principados, Arcanjos, Anjos e Gênios são classes de divindades de Deus e regem sobre os muitos aspectos da obra divina.

Até onde nos foi revelado, podemos comentá-las de seguinte maneira, todas as “CLASSES DE DIVINDADES” abaixo:

  • Serafins: classe de divindade que cuidam da criação divina como um todo;
  • Querubins: classe de divindades que cuidam dos seres da natureza e lidam com as suas energias vitais;
  • Tronos: classe de divindades fatoriais, responsáveis pela evolução dos seres, das criaturas e das espécies;
  • Dominações: classe de divindades que cuidam dos domínios de Deus, mas em nível localizado, já que a criação divina é infinita;
  • Potências: classe de divindades que vigiam as correntes eletromagnéticas divinas, pelas quais fluem as energias vivas geradas por Deus;
  • Virtudes: classe de divindades que velam os princípios divinos;
  • Principados: classe de divindades responsáveis pelos sistemas mecânicos celestes;
  • Arcanjos: classe de divindades responsáveis pela manutenção do equilíbrio na criação divina;
  • Anjos: responsáveis classe de divindade responsável pela vigilância, em todos os aspectos da criação divina;
  • Gênios: classe de divindades responsáveis pelas fontes de energias vivas geradas por Deus;

Não os deteremos em outras classes, mas tão somente na dos Tronos de Deus, as divindades responsáveis pela natureza como um todo e que cuidam dos seres, das criaturas e das espécies que nela vivem, pois nela crescem e evoluem continuamente.

Os tronos são a classe de divindades que estão mais próximas de nós porque são os responsáveis pela vida e evolução dos eres, assim como são as divindades geradoras dos fatores de Deus.

Os fatores de Deus estão na própria gênese divina e os encontramos como a natureza individual de uma subst6ancia ou de um ser.

Portanto, os tronos estão na origem de tudo. Estão na ancestralidade dos seres e no próprio ser, porque sua natureza íntima é análoga à do trono que gera o fator, em cuja onda divina foi gerado.

Um trono é em si uma qualidade divina e a manifesta por meio de seu magnetismo, sua vibração, sua irradiação energética, seu grau hierárquico, seu mental, sua natureza e seus sentidos.

Cada trono é um mistério em si mesmo porque foi gerado em Deus, em uma de Suas qualidades e tornou-se um gerador natural dela a partir de si.

Deus é todas as qualidades em SI e seus tronos são os geradores naturais deles.

Por isso eles são denominados de “divindades naturais” e de regentes “das naturezas”.

Natureza é a qualidade de uma coisa. Assim sendo, a natureza da terra é sólida e sua qualidade é a firmeza. Mas a terra também é seca. Logo, a qualidade da terra é seca e firme.

E se acrescentarmos água a terra, aí teremos uma substância mista, pois a água é úmida e maleável.

Como são dois elementos, então surge uma substância mista que nem é água nem é terra, mas terra úmida ou água terrosa.

Com os tronos acontece o mesmo, pois uns são de um só elemento ou tronos puros, e outros são tronos mistos, ou de vários elementos. Isso faz com que hierarquias se multipliquem, alcançando todos os níveis da criação, não deixando nada fora de sua reg6encia natural.

Assim sendo temos TRONOS de vários níveis da criação:

  • Fatorais
  • Essenciais
  • Elementais
  • Encantados
  • Naturais
  • Estrelados
  • Celestiais
  • Planetários
  • Solares
  • Galácticos
  • Universais

Os tronos fatorais são puros e cada um gera de si uma das qualidades de Deus. Eles estão na origem da gênese e no início das ondas vivas, que dão sustentação às irradiações divinas e às correntes eletromagnéticas que por sua vez dão origem e sustentação às faixas vibratórias onde vivem os seres em evolução.

No início são ondas fatoriais que vão absorvendo essências. A seguir, saturadas de essências, dão origem às correntes elementais. Essas dão origem as correntes energéticas, que dão origem as irradiações naturais.

No início de cada uma dessas etapas estão os Tronos de Deus, dando origem e sustentando o fluir natural de cada uma delas em um nível vibratório específico, pois em cada nível acontece um estágio da Evolução.

  • Os seres que vivem totalmente inconscientes no nível dos tronos fatorais são centelhas vivas;
  • Os seres que vivem totalmente inconscientes no nível dos tronos essenciais são seres virginais;
  • Os seres que vivem totalmente inconscientes no nível dos tronos elementais são intuitivos;
  • Os seres que vivem totalmente inconscientes no nível dos tronos duais são instintivos;
  • Os seres que vivem totalmente inconscientes no nível dos tronos encantados são sensitivos ou semiconscientes;
  • Os seres que vivem totalmente inconscientes no nível dos tronos naturais são conscientes;
  • Os seres que vivem totalmente inconscientes no nível dos tronos estrelados são hiperconscientes;
  • Os seres que vivem totalmente inconscientes no nível dos tronos celestiais são mentais;
  • Os seres que vivem totalmente inconscientes no nível dos tronos planetários são seres celestes;
  • Os seres que vivem totalmente inconscientes no nível dos tronos solares são celestiais e mentais irradiadores de energias fatoradas, às quais geram em seus mentais e as irradiam por vibrações puras.

Acreditamos que já deu para entender que a classe dos Tronos de Deus começa nos tronos fatorais e vai se desdobrando e se multiplicando nos planos da criação, onde cada plano se mostra mais dotado de recursos, porque se presta a sustentar um estágio da Evolução já superior ao seu anterior. Mas o início dessa classe de divindades está plano dos tronos fatorais, pois anterior a eles só DEUS.

 

TRONOS DA UMBANDA SAGRADA

tronos-da-umbanda

 

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A TEOGONIA UMBANDISTA

Teogonia: conjunto de divindades cujo culto constitui o sistema religioso de um povo; genealogia dos deuses.

A umbanda é uma religião, e como tal tem sua teologia, fundamentada em Deus e Suas divindades, em Olorum e nos Orixás.

Olorum é o Divino Criador de tudo o que existe e está em tudo o que criou. Já os Orixás são em si mesmos as qualidades divinas manifestadas por meio de individualizações do Divino Criador.

Assim sendo, fica fácil explicarmos o panteão divino da Umbanda, porque cada Orixá rege um dos aspectos da natureza, da vida dos seres e até das criaturas.

Uma divindade é em si mesma manifestação de Deus mediante uma de Suas qualidades divinas. Logo, se adoramos Ogum, que é em si mesmo a qualidade ordenadora de Olorum, então estamos adorando o Orixá que rege sobre a Ordem e é o aplicador da Lei Maior em todos os aspectos da criação.

Sim, porque a qualidade ordenadora de Olorum está presente em todos os aspectos da Sua criação divina. E tanto a encontramos na Fé quanto no Amor, tanto na Justiça quanto na Geração.

Portanto, Ogum é a divindade unigênita de Olorum, ao qual incumbido a manifestação de sua qualidade ordenadora.

Ogum em si mesmo a qualidade ordenadora do Divino Criador Olorum e, como divindade regente da Ordem, é o aplicador da Lei Maior em todos os aspectos da criação.

Um ser manifestador de uma qualidade divina só assume a condição de divindade se for em si mesmo essa qualidade.

Um músico não é a música em si, mas tão somente uma pessoa que tem o dom ou faculdade de harmonizar os sons e torná-los melódicos e agradáveis aos nossos ouvidos.

Um juiz não é a justiça em si mesma, mas tão somente uma pessoa que tem o dom ou a faculdade de lidar com as leis e dar-lhes uma interpretação abalizada.

Já o mesmo não acontece com uma divindade, pois ela tanto é uma qualidade divina como é sua manifestadora unigênita.

Por unigênita entendam que é aquela divindade que está associada a Deus justamente porque é parte d’Ele, e é em si mesma a manifestadora de um de Seus aspectos.

Ogum é a divindade unigênita, ou a única gerada, que é em si mesmo a ordenação divina. Logo, Ogum não pode ser dissociado de Deus, pois se clamamos pela Lei Maior, Ogum é quem se manifesta como divindade aplicadora dela em nossa vida.

E mesmo que não clamemos pelo seu auxí­ lio, ainda assim será ele o seu aplicador, pois é em si mesmo a divindade que a rege e a aplica em todos os aspectos da criação e da vida, já que ele é a Lei Maior em si mesmo.

Deus é o todo em Si mesmo, mas nas partes que formam esse todo divino, nós vemos Suas divindades, que são indissociadas das Suas qualidades formadoras desse todo, que é Ele em Si Mesmo.

Se dissociarmos uma divindade de Deus, nós estaremos descaracterizando-a e alterando o seu caráter divino, indissociável de uma qualidade Sua?

A Umbanda cultua todo um panteão divino, porque  entende que em cada uma das divindades desse seu panteão está Deus, e cada uma delas é em si mesma  uma de suas qualidades?

O umbandista entende que tanto pode clamar à Lei Maior quanto a Ogum que estará clamando ao mesmo aspecto de Deus, já que o que caracteriza Ogum é esta sua qualidade divina e sua condição de aplicador divino da Lei Maior, sempre associado ao próprio caráter ordenador do Divino Criador.

Então sintetizamos e definimos Ogum desta forma: “Ogum é em si mesmo a ordenação divina; é a divindade manifestadora da Lei Maior e seu aplicador, tanto na criação divina quanto na vida dos seres”.

Observem que a Umbanda herdou dos cultos de nação toda uma teogonia, ensinada por meio das lendas e dos mitos africanos, mas as reinterpretou e as adaptou à sua concepção de como devemos entender as divindades de Deus, os nossos amados e adorados Orixás.

Surgiu, então, toda uma nova teogonia, já adaptada à religião de Umbanda que, sem renegar sua origem, no entanto reservou para si o melhor modo de ensinar suas divindades aos fiéis.

Aos poucos, os Orixás foram manifestando suas qualidades, e  quem as transmitiram foram os guias espirituais que se manifestam durante os trabalhos de incorporação.

Com isso, Ogum foi sendo recomendado como a divindade a ser evocada para quebrar uma demanda, para abrir os caminhos, etc., pois é o aplicador da Lei Maior em todos os aspectos da criação. É o ordenador divino!

Uma demanda é um choque cármico. Logo, Ogum é a Lei ordenadora dos carmas.

Um caminho é uma senda evolutiva. Logo, Ogum é o direcionador da evolução ou do caminho a ser seguido ordenadamente pelos seres.

E assim, de recomendação em recomendação dadas pelos guias espirituais, os umbandistas foram dando novas feições aos Orixás, que foram assumindo caráter bem definido dentro da nova religião.

Ogum assumiu sua condição de guardião da Lei na Umbanda e sua natureza reta e justiceira amoldou suas linhas de trabalhos espirituais e o caráter justo e vigoroso dos seus caboclos de Umbanda.

Ou alguém imagina que antes do advento da religião de Umbanda, nos antigos terreiros de Candomblé, baixava Caboclo, Preto-Velho ou Exu para dar consulta,  realizar  desobsessões,  dar passes,  etc.?

Isso não acontecia e o que tínhamos era o culto puro aos Orixás. Já essas coisas, hoje realizadas pelos espíritos-guias de Umbanda, eram realizadas segundo a tradição herdada da África e feitas segundo preceitos e oferendas já há muito estabelecidas como a forma correta de ativar um Orixá e conseguir sua ajuda.

Mas à maioria passou despercebido que a nova maneira de alcançar os mesmos objetivos estava adaptando-os aos tempos modernos, onde seus fiéis seriam pessoas vivendo em cidades e com difícil acesso à natureza imaculada, que era onde cultuavam-se as divindades.

Toda uma transformação estava acontecendo no modo de cultuar e evocar os Orixás, assim como na forma de oferenda-los, pois as antigas práticas estavam sendo substituídas por novas e muito mais simples. Mas isso se chocava os tradicionalistas, no entanto atendia a esta vontade, manifestada pelos próprios Orixás, que já viam seus futuros fiéis residindo em gigantescas metrópoles, morando em apartamentos ou casas isoladas da natureza, onde eram oferendados segundo a tradição africana.

Então os Orixás foram assumindo novas características e feições, todas direcionadas com a nova religião, e atendendo do mesmo modo aos clamores de seus fiéis adoradores. Ou alguém acredita realmente que só um “pai de santo” raspado no Candomblé tem acesso a eles?

Se acredita nisso, então está precisando, e rápido, de todo um conhecimento acerca de Deus e de Suas divindades e da forma como atuam na nossa vida.

Sim, porque uma divindade é anterior aos seus adoradores e superior, em todos os sentidos, aos seus sacerdotes. Se bem que é comum ouvimos pessoas dizerem “Eu vou ‘mandar’ meu Orixá te ajudar”.

Será que alguém manda realmente em uma divindade? Ou será que estão enganados e o modo correto de se expressar seria este: “Eu vou clamar e solicitar o auxílio do Orixá que me rege e pedir-lhe, reverente, que o ajude a superar logo suas dificuldades, meu irmão!”

Sim, porque as divindades de Deus são o que são: divindades de Deus!

Elas independem de nós para ser o que são e atuar em nossa vida. Elas são as divindades de Deus. Elas são as partes divinas d’Ele, enquanto nós, cada um de nós, somos uma de Suas partes humanas.

As divindades nos regem, e não o contrário. Logo, sem elas para dar-nos sustentação, somos nulos no campo religioso.

Voltando ao nosso comentário inicial, então temos em Deus todas as qualidades e temos nas suas divindades os Seus manifestadores delas, já como mistérios divinos, pois estão em todo o Universo como qualidades do Criador, integradas à Sua criação.

Por isso a religião de Umbanda incorporou um número limitado desses mistérios, porque os identificou como as divindades irradiadoras deles e regentes das sete irradiações divinas que regem a vida dos seres em evolução neste nosso planeta.

Aos poucos, a espiritualidade foi se afixando em tomo de uns poucos nomes de divindades e a partir delas deu início à formação da teogonia de Umbanda Sagrada, adotando um conjunto de Orixás, que forma um sistema religioso coeso e sustentador de todas as manifestações espirituais que acontecem nas tendas de Umbanda.

Com isso em mente, vamos comentar o caráter e a natureza das divindades que formam o universo religioso da Umbanda:

Olorum é o Princípio Incriado, que dá origem a tudo, pois tudo é gerado n ‘Ele ou por Ele. Logo, Ele está na origem de tudo e de todos;

Olorum atua na vida de todos e a ninguém desampara em momento algum, pois todos estão n’Ele;

Mas Olorum também atua sobre os seres por meio de Suas divindades, que são manifestadoras de Suas qualidades divinas;

As divindades só são manifestadoras das qualidades de Olorum, porque são em si mesmas as individualizações delas;

Uma qualidade de Olorum é um mistério da criação. Logo, é um mistério criador, pois é parte ativa da criação;

Se uma divindade é manifestadora de uma qualidade de Olorum porque é ela em si mesma, então todas as divindades são mistérios da criação e são mistérios criadores, ativos nas partes que formam no todo, que é Olorum em Si;

Olorum manifesta-se a todos o tempo todo e durante todo o tempo, pois Ele é o princípio, o meio e o fim de tudo, e tudo o que acontece, ocorre n’Ele;

Logo, a finalidade das divindades é manifestar Olorum através do mistério que elas são em si mesmas, porque são individualizações das Suas qualidades;

Na Umbanda, cada divindade é responsável por um aspecto divino que rege a criação. Assim, Ogum cuida da Lei; Xangô da Justiça; Oxóssi do Conhecimento; Oxalá da Fé; etc.;

Logo, a Umbanda não é politeísta, porque entende que cada Orixá é apenas a divindade responsável por uma parte da criação; é a manifestadora de uma qualidade do Criador e é a aplicadora de um dos aspectos divinos na vida dos seres, das criaturas e das espécies.

Os Orixás não são deuses, mas divindades de Deus, e não chamam para si o fim último dos seres, mas tão somente os amparam até que evoluam, desenvolvam seus dons naturais, alcancem seus fins em Deus e tornem-se, também, manifestadores das qualidades  divinas  d’Ele.

Com isso explicado, então temos a base fundamental da religião de Umbanda.

Um Deus Criador na origem de tudo e de todos, inclusive dos Orixás, que são as divindades unigênitas manifestadoras das Suas qualidades;

Em Deus tudo tem sua origem e nada pode ou deve ser disso­ ciado d’Ele, porque fora d’Ele nada existe por si só;

Logo, todas as divindades estão em Deus, porque, se não estiverem, não só perdem sua condição de divindades como deixam de existir;

Na Umbanda, adoram-se as divindades porque ao adorá-las estamos adorando as próprias qualidades de Deus. Esse procedimento tem sido estimulado desde os primórdios da humanidade. Foi com esta finalidade que Ele individualizou suas qualidades e as multiplicou em Suas divindades, que passaram a manifestá- lo segundo Sua vontade para com cada uma delas;

Olorum, o Divino Criador, é tão infinito em Si mesmo, que temos a necessidade de recorrer  às  Suas  divindades,  pois é por meio delas que conseguimos vislumbrar Sua grandeza, magnitude  e infinitude.

Vemos a grandeza da Lei Divina em Ogum. E porque a divindade Ogum é ordenadora da criação, das criaturas e das espécies, então vemos a sua qualidade ordenadora atuando em toda a criação divina.

Vemos Ogum ordenando o comportamento das pessoas, dos espíritos e das outras divindades, mas o vemos ordenando a gênese de um ser, de um vegetal, de um planeta e mesmo do Universo, pois ele é em si mesmo essa qualidade de Deus, cujo caráter divino é ordenador e tudo o que Deus cria obedece a uma ordem preexistente em Si mesmo, pois Sua condição única de Criador implica estar na raiz de Suas criações, que só assumem essa condição de criação divina se não forem caóticas, e sim ordenadas.

Então o culto e a adoração de Ogum são o culto e a adoração à qualidade ordenadora de Divino Criador Olorum, cujo caráter ordenador dá origem e sustentação à Lei Maior, ordenadora de tudo o que existe.

E assim, por intermediário das qualidades de Deus, vão surgindo Suas divindades, que na Umbanda são denominadas de Orixás, os Senhores do

Alto ou dos níveis superiores da Criação.

Na Umbanda não existe politeísmo, porque ela herdou dos cultos de nação apenas o caráter divino dos Orixás, aos quais reinterpretou e deu- lhes novas feições e novos atributos divinos, já que uma qualidade divina é infinita em si mesma, justamente por ser o que é: uma qualidade de Deus.

A partir daí surgiram as hierarquias intermediárias, repetidoras e multiplicadoras da qualidade original das divindades de Deus, que são em si a individualização de um de Seus aspectos.

Assim, se Deus dá origem a tudo, e deu origem a Ogum, já como seu aspecto ordenador, então Ogum O repete e se multiplica, dando origem aos Oguns intermediários, que são os aplicadores de sua qualidade ordenadora, mas já nos campos de atuação das outras divindades do Divino Criador.

Então a divindade ou a qualidade divina de Ogum faculta-lhe a

capacidade de repetir-se como ordenador, já em níveis intermediários da criação e de multiplicar-se nos campos das outras divindades, que darão suas .qualidades individuais à qualidade geral, ordenadora, que Ogum é em SI mesmo.

Daí vermos na Umbanda, Ogum e seus comandados ou seus Orixás oguns intermediários, que também são divindades porque são manifestadores da qualidade ordenadora de Deus, mas aplicadas aos campos das outras divindades, que se não são em si mesmas essa qualidade ordenadora, no entanto são em si as outras qualidades divinas.

Logo, se Oxum é a divindade do Amor ou da Agregação, tudo o que oxum conceber, pois é em si mesma a agregação ou concepção divina, agregará e conceberá ordenadamente.

Assim, se tudo o que Oxum agrega, agrega de forma ordenada, então Ogum está em Oxum como a qualidade divina que ordenará tudo o que ela agregar. E se Oxum é a concepção divina em si mesma, então Ogum está nela como a qualidade ordenadora das suas concepções.

E se Oxum é em si mesma o Amor Divino, então Ogum está em Oxum como a qualidade ordenadora do seu amor, pois se assim não fosse tanto as agregações quanto as concepções e os amores seriam caóticos, perderiam sua condição de qualidades divinas e não existiriam por si mesmos, pois não preexistiriam em Deus, que tem em Oxum Sua qualidade agregadora, conceptiva e amorosa.

Enfim, a teogonia de Umbanda foge do senso comum e recorre ao senso divino para poder interpretar corretamente as divindades  de Deus que formam seu panteão divino.

Portanto, se as lendas sobre os Orixás os trouxeram para a terra, a teogonia de Umbanda os devolve aos seus devidos lugares e os reassenta à direita ou à esquerda de Deus.

  • à direita significa que atuam passiva e permanentemente, de forma contínua e estável na vida dos seres;
  • à esquerda significa que atuam ativa e condicionalmente, de forma  alternada  e não  estável.

Como exemplo do que acabamos de citar, recorremos a Oxalá, o Orixá da Fé, que irradia fé o tempo todo a todos os seres. Sua atuação é passiva e não emociona a religiosidade de ninguém. E permanente e contínua.

Não se toma mais ou menos intensa, porque é estável.

Já Logunã é a divindade de Deus que se mostra na Umbanda como um Orixá do Tempo e só atua sobre os seres sob certas condições, tais como nos casos de fanatismo religioso.

Sua atuação é alternada, e tanto intensifica a fé quando ela se enfraqueceu, quanto a paralisa quando se tomou muito apaixonada ou emocionada; e não é uma atuação estável, pois atua sobre seres religiosamente desequilibrados, fanatizados ou emocionados.

A partir dessa dupla característica (ativa-passiva) as divindades formam a dupla polaridade do Divino Criador e vão assumindo campos de atuação distintos.

Se manifestam qualidades diferentes, no entanto são com­ plementares, pois Oxalá e Logunã são as duas “faces” do Mistério da Fé.

Oxalá e Logunã são os dois lados de um mesmo mistério de Deus, mas ocupam polos magnéticos opostos na irradiação divina que, partindo de Deus, está em toda a Sua criação e em tudo o que é “animado”, mani­ festando-se como um sentimento de unidade em torno d’Ele, o nosso Pai Divino.

A Umbanda não interpreta sua teogonia como sendo formada por divindades dissociadas umas das outras e não as vê  como  antagônicas, como é o caso da teogonia Lorubá, pois sabe que na criação nada se antagoniza. Em verdade, tudo se complementa, dando forma e coesão à criação, às espécies,  aos seres  e às divindades.

Logunã não faz oposição a Oxalá, mas somente atua em um campo oposto ao dele nos aspectos da fé e no campo da religiosidade.

Assim, assentando em seu panteão as divindades magneticamente opostas, mas em verdade complementares, a Umbanda nos mostra uma teogonia magnífica.

Em nenhum momento, os aspectos divinos deixam de ser visíveis através do próprio caráter e natureza dos Orixás que a formam. Em momento algum as divindades se chocam, pois são em si mesmas os aspectos do Divino Criador que estão sendo mostrados a nós, cada uma atuando em um campo próprio e só seu, ainda que nele todos os aspectos divinos estejam presentes.

Assim como mostramos que Ogum está em Oxum, e vice-versa, também Ogum e Oxum (a ordenação e a agregação) estão em Oxalá e Logunã (a fé e a religiosidade).

A fé de um ser é permanente, já a sua religiosidade muda com o tempo. E este qualifica Logunã como um Orixá do Tempo, eterno em si mesmo mas sujeito às mudanças que ocorrem com a evolução dos seres no campo da Fé.

Com isso explicado, então o número de divindades cultuadas deixa de ser confuso porque a unidade religiosa da Umbanda não está nos seus Orixás, mas em Olorum, o Deus Criador que deu origem a tudo, inclusive a eles, que são Seus mistérios divinos e manifestadores individuais de Suas qualidades originais, todas aplicadas à vida dos seres e identificados na criação através da natureza das coisas criadas.

Vamos, agora, comentar cada uma das divindades de Deus que denominamos de Orixás ou Senhores das Coroas, e que regem a religião de Umbanda e o ori (cabeça) dos umbandistas.

  • Olorum, o Divino Criador, individualiza-Se nas Suas divindades, todas manifestadoras de Suas qualidades;
  • Na Umbanda, sete irradiações divinas dão origem às suas sete linhas de forças, todas bipolarizadas;
  • Em cada polo está assentada uma divindade, manifestadora de uma qualidade de Olorum;
  • O universo religioso da Umbanda, a sua teogonia, é composto por 14 divindades assentadas em seus pontos de forças naturais, de onde regem a natureza planetária, que é multidimensional;
  • Esses 14 Orixás dão origem a 14 hierarquias divinas, limitadas às atuações nos níveis vibratórios intermediários;
  • Essas hierarquias estão ligadas aos 14 Orixás. Umas são de natureza passiva, irradiante, contínua e atuam permanentemente na vida dos seres; outras são ativas, absorventes, alternadas e atuam temporariamente;
  • As sete irradiações divinas são: Fé, Amor, Conhecimento, Justiça, Lei, Evolução, Geração;
  • Essas sete irradiações são manifestadas para tudo o que existe, porque, em nível de criação divina, elas estão na gênese ou nos processos criativos. Mas nós as absorvemos continuamente por meio dos nossos sete sentidos capitais;

Essas sete irradiações são captadas pelo Trono Planetário, que é em si mesmo a divindade de Deus que dá sustentação ao nosso planeta e a tudo o que aqui existe;

  • Ele capta as irradiações de Deus, as adapta ao magnetismo e à vibração planetária, depois as irradia, dando origem às sete irradiações gerais, que são captadas por sete Tronos de Deus;
  • Os sete Tronos de Deus são estes:
    • Trono da Fé ou Orixá da Fé
    • Trono do Amor  ou Orixá do Amor
    • Trono do Conhecimento ou Orixá do Conhecimento
    • Trono da Justiça ou Orixá da Justiça
    • Trono da Lei ou Orixá da Lei
    • Trono da Evolução ou Orixá da Evolução
    • Trono da Geração ou Orixá da Geração

Nesses sete tronos têm início as sete irradiações divinas que, na Umbanda, são as suas sete linhas de força;

As sete linhas de força se polarizam e adquirem bipolaridade, formando 14polos magnéticos planetários e multidimensionais, tendo em cada um uma divindade, que é em si mesma uma qualidade de Deus e um mistério divino em si mesma;

Essas 14 divindades são os Orixás Ancestrais, aos quais todos estamos ligados por meio dos sete sentidos capitais e aos quais estamos sujeitos, pois a atuação deles em nossa vida independe de querermos ou não. Eles são mistérios de Deus, e atuam conosco tanto conscientes de sua existência quanto inconscientes;

Eles são Tronos de Deus, que na Umbanda assumem a denominação de Orixás. Mas em outras religiões têm outros nomes, sem perderem suas qualidades divinas e suas atribuições, que é a de regerem sobre tudo o que aqui existe, seja o meio onde vivemos ou tudo o que vive nesse meio, que é o nosso planeta;

Por isso um ser, pertença à religião que for, sempre estará sujei­ to às mesmas coisas (Fé, Amor, etc.), pois esses Tronos de Deus estão na origem de tudo o que aqui existe, inclusive das religiões, nas quais eles atuam por meio das divindades intermediárias que as iniciam mediante suas divindades intermediadoras.

A Umbanda nasceu de uma vontade divina manifestada pelo divino Trono Planetário, que se refletiu nos sete Tronos de Deus, que a manifestaram por meio de Suas sete vibrações mentais, que alcançaram os 14 Orixás assentados nos seus polos magnéticos.

Estes, por sua vez, as vibraram e toda uma nova religião nasceu naquele mesmo instante, faltando apenas a sua codificação e imantação divina para tomar-se em si mesma, uma senda religiosa pela qual evoluirão milhões de seres. Isso foi providenciado no mesmo instante pelas divindades ou Orixás intermediários, que mentalmente ativaram suas hierarquias intermediadoras.

Estas ativaram suas hierarquias elementais, encantadas, naturais e espirituais, que imediatamente deram início à codificação humana da nova religião, nascida de uma vontade manifestada pelo divino Trono Planetário, também denominado de divino Trono das Sete Encruzilhadas, o Logos Planetário;

Com isso explicado, então fica entendido que a Umbanda teve sua origem divina no mesmo trono que tem dado origem a todas as outras religiões.

Apenas que sua teogonia tem uma dinâmica própria que a diferencia de todas as outras religiões, inclusive daquela que serviu como base para o assentamento das divindades que regeriam seus aspectos religiosos: o Candomblé;

A religião que serviu de base para a Umbanda é a africana, com seus cultos de nação;

Em um culto de nação, a mesma divindade se mostra com um nome, mas no de outro povo africano ela se mostra com outro, sem perder  sua qualidade de regente da coroa (cabeça) de seus filhos (seus adoradores);

Os nomes das divindades que formam a teogonia de Umbanda são os mesmos que tinham nos cultos de nação, e os que se fixaram com mais facilidade são nomes iorubás, já conhecidos por muitos há vários séculos, mas que, por meio da Umbanda, são conhecidos hoje em nível nacional até pelos adeptos das outras religiões;

Alguns desses nomes são originais, tais como: Ogum, Xangô, Oxum, Yemanjá, Yansã. Já outros são adaptações de nomes iorubás para divindades cultuados por outras nações africanas, tais como Oxumaré, Obaluaiyê, Nanã Buruquê;

Enfim, os 14 tronos planetários assumiram, na Umbanda, sua denominação iorubá, e foi assim que, pouco a pouco, foram se fixando na mente e no coração dos umbandistas, já que ela nasceu dentro dos cultos de nação e foi se destacando e assumindo feições próprias porque incorporou como natural as práticas de incorporação de espíritos de índios, de velhos sacerdotes africanos, de encantados infantis, de Exus e Pombagiras, e de espíritos oriundos de outras partes do mundo, todos congrega dos na nascente religião espiritualista;

Esses 14 tronos planetários pontificam as sete irradiações di­ vinas, já polarizadas em polos ativos e passivos; masculinos e femininos; positivos e negativos; irradiantes e absorventes; universais ou cósmicos.

Esses tronos são divindades de Deus e independem de nós para existir e ser o que são: mistérios manifestadores de qualidade divinas, encontradas n’Ele;

  • Sete irradiações divinas; sete Tronos de Deus; sete linhas de forças; 14 Orixás regendo-as.

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PRIMEIRA LINHA DE FORÇAS DIVINAS,

OU IRRADIAÇÃO DA FÉ

 

É formada por dois Orixás que se polarizam nos campos da religiosidade.

Oxalá e Logunã são seus nomes, sendo Oxalá irradiante, positivo, passivo e atua por meio de seu magnetismo cujas ondas são retas, e vibra fé o tempo todo.

Logunã é cósmica, absorvente, negativa, temporal, e sua irradiação magnética é alternada em duas espirais: uma intensifica a religiosidade e a outra a esgota.

A irradiação que projeta é estimuladora da religiosidade. Já a que absorve é esgotadora dos desequilíbrios religiosos nos seres.

Estudando sua natureza, podemos descrevê-los assim:

  • Oxalá é uma divindade passiva da Fé e é em si mesmo esse mistério divino, pois gera fé o tempo todo e a irradia de forma reta, alcançando tudo e todos. Sua natureza religiosa não deve ser dissociada de Deus, pois é esta qualidade d’Ele que o individualizou em seu Trono da Fé, para poder ser visualizado por todos os seres cuja fé é reta e a religiosidade é virtuosa;
  • Logunã é uma divindade ativa da Fé e é em si mesma esse mistério divino, pois gera religiosidade o tempo todo e a irradia ou a absorve conforme as necessidades. Se o ser está apático, ele a recebe, e se está emocionado, a tem esgotada.

A Fé é uma qualidade de Deus, já a religiosidade é uma qualidade dos seres criados por Ele. Logo, Oxalá irradia essa qualidade divina denomina­ da Fé, e Logunã ativa ou paralisa a qualidade religiosa dos seres movidos pelos sentimentos de fé.

Observem que não são iguais no Mistério da Fé, porque ele a irradia de forma contínua e ela estimula ou paralisa esse sentimento nos seres. Por isso diferenciamos esses dois tronos da Fé e os classificamos da seguinte maneira:

  • Oxalá é um trono universal, pois suas irradiações retas e contínuas são projetadas a todos, o tempo todo e durante todo o tempo;
  • Logunã é um trono cósmico, pois suas irradiações espiraladas são alternadas e direcionadas, só alcançando os seres apatizados ou emocionados em seus sentimentos religiosos.

Ele é um trono universal porque está se irradiando de forma contínua e estável. Já ela é um trono cósmico, porque em sua irradiação alternada uma espiral magnética projeta-se e estimula a religiosidade enquanto a outra espiral magnética, que ela absorve, vem esgotando o emocional dos seres que estão vibrando sentimentos religiosos desequilibrados.

Com isso explicado, então fica fácil entender por que o Orixá Oxalá é amado e a Orixá Logunã é respeitadíssima, temida mesmo pelos que já sofreram sua atuação esgotadora dos seus desequilíbrios religiosos.

As hierarquias de Oxalá são formadas por seres naturais descontraídos, profundamente religiosos e amorosíssimos. Já as hierarquias de Logunã são formadas por seres naturais circunspectos, glacialmente religiosos e muito respeitosos, não admitindo arroubos religiosos de espécie alguma à sua volta.

Podemos dizer que as hierarquias de Oxalá são calorosas e as de Logunã são glaciais, frias mesmo;

  • Oxalá é o calor das estrelas e Logunã é o frio do espaço cósmico;
  • Oxalá é o calor do sol da fé e Logunã é o frio do vácuo religioso, ou da religiosidade de um ser;
  • Oxalá é abrasador e Logunã é enregeiante;
  • Oxalá é a fé permanente e Logunã é a alternância religiosa; Oxalá é o raio reto e Logunã é a :espiral;
  • Oxalá é o caminho reto que conduz a Deus e Logunã é a onda circu­ lar que colhe todos os que se desviaram da retidão religiosa, a única que conduz a Deus.

Todo ser que prega  a fé corno um sentimento puro de amor a Deus e a vivencia com virtuosismo, está sob a irradiação de Oxalá. Já o ser que a prega com emotividade e a vivencia com fanatismo, está sob a irradiação de Logunã.

Todo ser que faz da prática da caridade religiosa um ato de fé em Deus, é amparado por Oxalá com sua irradiação abrasadora.  Já todo ser que faz de suas práticas religiosas um ato de exploração da boa-fé de seus semelhantes, será punido por Logunã, e será esgotado em seus enregelantes domínios cósmicos.

Por isso ela é uma divindade temida. Ela é o rigor de Deus para com seus filhos desvirtuados que deturpam uma Sua qualidade divina (a Fé) e a partir de seus vícios e desequilíbrios ludibriam a boa-fé de seus semelhan­ tes.

Sintetizamos, dizendo que Oxalá é o calor da fé abrasadora e Logunã é a paralisadora  da religiosidade  fanatizante ou mercantilista.

Por isso as hierarquias de Oxalá são envolventes e as de Logunã são glaciais, arredias às evocações inconsequentes e aos clamores falsos dos que costumam oferendá-la no tempo. E não são poucos os que, movidos pela maldade e pela ignorância, evocam os mistérios do “Tempo” com fins negativos, e no mesmo instante começam a ser esgotados em sua religiosidade desvirtuada, sendo paralisados no sentido da Fé.

Saibam que tanto a atuação de Oxalá quanto a de Logunã são permanentes na criação e na vida dos seres, independendo de nossa vontade para atuarem. Os rituais de magia e de oferendas têm o poder de acelerar essas atuações, e por isso a Umbanda recorre a eles como parte de sua própria dinâmica religiosa  aceleradora da evolução dos seres.

Assim sendo, devemos orar a Oxalá para que ele fortaleça cada vez mais a nossa fé em Deus, e devem orar a Logunã, pedindo a ela que nos ampare na fé e não permita que desvirtuemos nossa fé em Deus e nossos sentimentos religiosos.

Saibam que um pedido desses, feito com fé, respeito e convicção na atuação desses dois Orixás, vale mais que ouvir dez sermões inflamados proferidos por fanáticos religiosos  ou mercadores  da boa-fé alheia.

Uma evocação e um clamor íntimo dessa natureza dignificam o ser diante das divindades, e elas tudo farão para atender quem assim proceder, pois é um pedido codificado pela Lei Maior como um procedimento reto, diante da balbúrdia religiosa a que todos estão sujeitos no dia a dia, em que falsos sacerdotes, ignorantes mesmo, prometem o céu, a quem lhes pagar mais, ou curas miraculosas a troco do vil metal, causa primeira da maior doença na vida dos seres: a ambição!

Na teogonia da Umbanda, Oxalá é interpretado como Orixá irradiador da Fé e Logunã é interpretada como Orixá retificador da religiosidade desvirtuada.

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SEGUNDA LINHA DE FORÇAS DIVINAS,

OU IRRADIAÇÃO DO AMOR

 

O Amor é uma qualidade de Deus, e Oxum é a Sua divindade unigênita, pois é em si mesma esse Amor Divino que agrega tudo e todos em tomo do Divino Criador Olorum.

Oxum não existe por si só e não pode ser dissociada de Deus, pois ela é esse amor que Ele gera em Si mesmo como uma de Suas qualidades.

Assim sendo, porque uma qualidade divina está em tudo e em todos,

então Oxum, que é o Mistério do Amor Divino, está em tudo o que Deus criou. Ela está na formação do átomo como a força ou o magnetismo que o agrega, assim como está nas constelações como o magnetismo universal que agrega todas as suas estrelas em torno de um ponto fixo no Universo.

As lendas sobre os Orixás os limitou, pois só os aplicou na vida material dos seres. Assim, eles assumiram feições humanas e perderam parte dos seus caracteres e naturezas divinas. Mas nós sabemos que, se Oxum é tida como o Orixá do Amor ou do coração, ou da concepção, é porque ela é em si mesma o Amor Divino e o manifesta a partir de si mesma, dando origem nas agregações.

Oxum, a partir das agregações, dá origem à concepção das coisas, já que ela é a própria concepção divina enquanto qualidade do Divino Criador, que individualizou essa Sua qualidade nela, a Sua divindade do Amor, que agrega e concebe.

Oxum é unigênita porque é em si uma qualidade divina que desperta o amor nos seres, os agrega e dá início à concepção da própria vida. Por isso é tida como a divindade que rege a sexualidade, pois é através dela que a vida é concebida na carne, multiplicando-se.

Esse aspecto dessa divindade de Deus não está restrito só à sexualidade porque, por ser uma qualidade divina, está em tudo o que foi criado e em todos os aspectos da criação, seja ela animada (seres) ou inanimada (substâncias).

Oxum é agregadora, e por ser uma divindade, também atua nos seres por meio dos sentidos, despertando neles sentimentos de amor e atração natural, o que costuma ocorrer em todos os campos e aspectos da vida.

  • O elo que une os seres sob uma mesma crença religiosa é o magnetismo agregador de Oxum.
  • O elo que une os átomos e dá origem a uma substância é o magnetismo de Oxum.

Enfim, tudo o que se liga, só se liga por causa dessa qualidade agregadora, da qual ela é a divindade irradiadora.

Se Oxum, a Orixá dos cultos de nação, só foi interpretada em uns poucos aspectos da vida dos seres, na Umbanda procuramos abrir esse Mistério do Amor Divino e mostrar que ele está na origem da própria gênese, já que tudo o que Deus gera em Si, ou a partir de Si, é agregador e destina-se a um objetivo maior dentro da criação.

Então não devemos limitar Oxum ao campo da sexualidade humana ou à concepção da vida, pois ela, por ser em si mesma a qualidade agregadora do Divino Criador, está no Amor, está na Fé, está na Lei, etc.

Sim, Oxum está em tudo e em todos como a qualidade agregadora de Deus, que individualizou Seu Amor Divino nesta Sua divindade agregadora, conceptiva e amorosa.

As lendas a caracterizaram como a Orixá da riqueza, senhora do ouro e das pedras preciosas. Nós interpretamos isso como correto, desde que expliquemos sua qualidade agregadora, que é um “fator” de natureza mineral, e que realcemos que só acumulando bens a riqueza surge.

Portanto, se Oxum é agregadora em todos os campos e aspectos da

vida, também no campo da riqueza material ela atua, pois agrega os bens que tomam um ser rico, materialmente falando.

Esse aspecto de Oxum é muito ativado pelos seus fiéis adoradores, porque ela realmente responde, caso quem a invoque seja merecedor.

Quanto à sua atuação no campo da sexualidade, ela só ampara as uniões regidas pelos sentimentos de amor. Já as uniões regidas apenas pelo desejo ou pela paixão, estas estão fora de seu campo de atuação e não recebem suas irradiações vivas, que se limitam a amparar as concepções, caso venha a acontecer a geração de uma criança.

Oxum agrega no Amor, na Fé, no Conhecimento, na Lei, na Evolução e na Geração. Ela está em todas as outras qualidades de Deus, em todos os sentimentos, em toda a criação, em todos os seres, em todas as criaturas e em todas as espécies.

Observem algumas criaturas (cães, ovelhas, cobras, etc.) e verão esta qualidade “Oxum” no amparo e no amor que as mães dessas espécies dedicam à sua prole.

Temos a certeza de que verão a semelhança entre esse amor e o das mães humanas, pois essa qualidade divina está em tudo, e em todos.

Oxum é a Divina Mãe do Amor e da Concepção, pois com seu magnetismo agregador gera as uniões em todos os sentidos.

Já o Trono de Deus que polariza com ela é o Orixá Oxumaré, que é um Orixá ativo, cósmico e temporal, que só entra na vida dos seres caso as ligações (agregações) entrem em desequilíbrio, desarmonia ou emocionem-se.

Sim, Oxumaré é em si a qualidade de Deus que “desfaz” o que perdeu sua condição ideal de existência e deve ser diluído para ser reagregado já em novas condições.

Oxumaré é temporal, é cósmico, é ativo e sua atuação é alternada porque seu magnetismo é negativo e dilui todas as agregações que perderam sua condição ideal ou sua estabilidade natural.

A lenda sobre o Orixá Oxumaré foi muito mal interpretada e até hoje recorrem à sua bipolaridade para justificar certos desequilíbrios emocionais ou sexuais. Mas somente pessoas desinformadas ou de má-fé fazem isso, pois quem entende o sentido da palavra “divindade” não só não aceita tal coisa como a condena com veemência.

Saibam que o magnetismo de Oxumaré é composto de duas ondas entrecruzadas que seguem em uma mesma direção, criando uma irradiação ondeante e diluidora de todas as agregações não estáveis.

São duas ondas: uma dilui as agregações cujo magnetismo agregador é de natureza masculina; outra dilui as agregações de natureza feminina, dissolvendo compostos energéticos, alterando estruturas elementares e modificando sentimentos.

Mas o Mistério Oxumaré não se limita somente a diluir as agregações instáveis, pois seu fator renovador traz em si a qualidade de renovar um meio ambiente, uma agregação, uma energia, um elemento e até os sentimentos íntimos dos seres.

Seu campo de atuação é tão amplo que resumimos a descrição de Oxumaré e o sintetizamos assim:

O divino Trono da Renovação da Vida é a divindade unigênita em

Deus que a traz em si, e é em si mesmo, o Orixá que tanto dilui as causas dos desequilíbrios quanto gera de si as condições ideais para que tudo seja renovado, já em equilíbrio e harmonia.

Oxumaré é unigênito porque é a única divindade de Deus que é em si mesmo a renovação. Outras divindades, porque estão na renovação, também participam do seu mistério Renovador. Mas se participam das renovações, no entanto essa qualidade é ele em si mesmo que, antes de renovar algo ou alguém, também dilui as causas que levaram ao desequilíbrio esse algo ou alguém.

O fator divino Oxumaré está neste livro, pois ele está diluindo conceitos religiosos e genéticos arcaicos e desequilibrados, renovando todo um conhecimento sobre Deus e Suas divindades, criando toda uma nova teologia e gênese, que tanto renova os Orixás quanto os explica de forma científica e religiosa, fortalecendo a fé dos umbandistas e direcionando a religiosidade dentro da Umbanda.

Sem negar as lendas sobre os Orixás, aqui o fator Oxumaré está diluindo conceitos nada religiosos (brigas, ciúmes entre os Orixás) e interpretando-as a partir da ciência divina. Com isso, dilui as caracterizações humanas sobre os Orixás e lhes dá uma nova feição, já em acordo com a vontade maior que tem direcionado essa renovação: devolver os Orixás aos domínios de Deus, renová-los na mente e nos Criações de seus fiéis e adoradores, e mostrá-los como são, pois são em si mesmo, todos eles, unigênitos de Deus que manifestam em tudo e a todos as qualidades divinas que os distinguiram em sua geração divina.

A Umbanda não aceita um Xangô mulherengo e repudia com veemência um médium que alega infidelidade só porque em sua ancestralidade está o Orixá Xangô.  E procede da mesma forma com um médium que alegar que sua homossexualidade tem a ver com sua ancestralidade localizada no Orixá Oxumaré.

Pessoas que justificam seus desequilíbrios emocionais dessa forma são dignas de pena e devem ser afastadas do culto aos Orixás, pois são um mal que descaracteriza suas qualidades divinas.

Saibam que Deus, ao gerar em Si suas divindades, procede como o corpo humano, que tem na multiplicação celular sua formação. Então Deus, quando gera em Si uma de Suas divindades, age como uma célula que, pela cissiparidade, se multiplica na nova célula gerada, que é igual em tudo a que a gerou.

Deus, ao gerar uma divindade, a gera nessa Sua qualidade, e terá nela a multiplicação e a repetição dessa Sua qualidade, que é viva e divina e traz em Si a força e o poder de realização de quem Se multiplicou e Se repetiu nela: Deus!

Já quando Deus gera de Si, então o que Ele gerar se realizará por meio de Sua natureza divina, que distinguirá cada coisa ou cada ser com uma qualidade natural só sua e intransferível, pois essa Sua geração não traz em si a força e o poder de autorrealizar-se e multiplicar-se.

Nós, os espíritos não nos autorrealizamos, não temos a capacidade de multiplicarmo-nos a partir de nós mesmos. Já uma divindade gerada em Deus multiplica-se e repete-se nas suas próprias hierarquias divinas.

E, se nos colocarmos sob a irradiação direta ou vertical de uma, então ela se multiplicará e se repetirá em nós, amoldando nosso caráter segundo o dela, que é divino, e remodelando nossos sentimentos conforme os que sua qualidade divina desperta em nosso íntimo.

Saibam que, assim como Deus gera tanto em Si quanto de Si, as divindades também o fazem, e a qualidade divina que elas são em si, tanto as geram em si como as geram de si … na natureza e no íntimo dos seres que se colocam sob suas irradiações diretas ou verticais.

Vemos parcialmente no reino vegetal essa dupla geração de Deus, onde algumas espécies geram em si e outras geram de si.

Gerar em si, nos vegetais, significa que dão brotos que são replantados e logo estão em condições de gerar novos brotos que serão replantados, ou crescerão por si só, se repetirão e se multiplicarão.

Gerar de si, nos vegetais, significa que nasce de uma semente que germinou, cresceu, floresceu, deu novas sementes, que trazem uma genética que a replicará e a multiplicará.

Deus, ao gerar em Si, gera seres divinos que O repetem e O multiplicam na Sua qualidade onde foram gerados. Já ao gerar de Si, então gera sementes ou centelhas vivas que trazem em si toda uma genética que especifica a classe a que pertencem, e essas centelhas vivas germinarão, crescerão, amadurecerão e florescerão na Sua natureza divina, ou no Seu exterior.

Os Orixás são identificados como divindades regentes da natureza justamente porque regem os seres, as espécies e as criaturas que foram gera­das por Deus, mas germinarão e crescerão na Sua natureza divina.

Muitos creem que os Orixás só regem sobre a natureza física, mas estão enganados. Eles regem sobre todas as naturezas, ou sobre a natureza de tudo o que existe, seja animado ou inanimado.

A natureza qualifica a criação divina e as suas criações, e os Orixás são associados a tudo o que Deus criou e a todos os seres.

Logo, não estamos descrevendo os Orixás e renovando os conceitos sobre eles de algo abstrato, mas sim a partir de algo concreto, sensível e palpável: nós mesmos!

Portanto, essa nossa gênese e teologia de Umbanda é muito mais pro­ funda que todas as outras já descritas no decorrer das eras, e muito mais verdadeira porque não se fundamenta em lendas ou mitos, mas na ciência divina, regida e velada pelos Senhores Orixás regentes, que agora a abriram para os umbandistas e para as outras religiões os seus mistérios.

Observem que mal abordamos o Mistério Oxumaré num contexto teológico e genésico, e todo um fluxo de informações começou a nos chegar, diluindo conceitos arcaicos e já superados no tempo e na religiosidade, renovando esses mesmos  conceitos, livrando-os das lendas e dos mitos e deixando bem patente a ciência divina na gênese e na teologia que explica as divindades, formando toda uma teogonia de Umbanda, superior a outras existentes, já superadas pela evolução geral da humanidade, que vem acontecendo em todos os sentidos da Vida.

Saibam que o que mais caracteriza Oxumaré é sua dualidade: às vezes, ele se mostra como a diluição de tudo o que está em desequilíbrio ou foi superado pelo tempo e pela evolução; em outras vezes, se mostra como o renovador de tudo e em todos os seus aspectos.

Por isso ele é o Orixá que forma um par natural com Oxum, Orixá da Agregação.

Onde ela agregou, mas já foi superada ou entrou em desequilíbrio com o resto da criação, aí entra Oxumaré, diluindo tudo e gerando em si, e de si, as condições ideais para que tudo se renove e, mantendo suas qualidades originais e sua natureza individual, continue a fazer parte do todo, que é Deus.

Resumindo a segunda linha de Umbanda e sintetizando os aspectos teogônicos das divindades que melhor a caracterizam, temos que:

  • Oxum: Trono do Amor Divino que agrega e concebe as coisas animadas e inanimadas;
  • Oxumaré: Trono da Renovação que dilui todas as agregações desequilibradas e renova o meio onde elas acontecem, criando novas condições para que novamente sejam reagregados, já em equilíbrio e harmonia com o todo, que é Deus, a vida e a religiosidade  dos seres.

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TERCEIRA LINHA DE FORÇAS DIVINAS,

OU IRRADIAÇÃO DO CONHECIMENTO

 

O Conhecimento é uma qualidade de Deus e Oxóssi é sua divindade unigênita, pois ele é em si mesmo o Conhecimento Divino que ensina todos ·a conhecer a si mesmos a partir do conhecimento sobre nosso Divino Criador.

Olorum gerou em Si o conhecimento sobre tudo o que criou e porque tem conhecimento sobre toda a Sua criação, então o Conhecimento assumiu a condição de uma qualidade Sua, à qual Ele imantou como um dos mistérios da Criação, já que gera em Si o Conhecimento, e é em Si onisciente ou conhecedor de tudo e de todos.

E Olorum gerou em Si uma Sua divindade que assumiu essa Sua qualidade, tomando-o em Si mesmo o Seu Conhecimento Divino.

Então surgiu Oxóssi, divindade unigênita, pois é em si mesmo essa qualidade divina que denominamos Conhecimento.

O Conhecimento está em tudo e em todos, e tudo e todos se revelam mediante o conhecimento sobre si.

Deus gera porque sabe gerar e tem ciência de tudo o que gera, pois é em Si mesmo a geração de tudo e de todos, e o próprio conhecimento sobre o que gera em Si ou de Si.

E Oxóssi é em si o Mistério do Conhecimento, pois foi gerado em Deus como essa Sua qualidade divina.

Portanto, Oxóssi rege sobre o Conhecimento e o irradia o tempo todo a todos, porque é em si mesmo o Conhecimento Divino, ou a onisciência de Deus.

Oxóssi, por ser unigênito na qualidade divina do Conhecimento, também gera em si conhecimentos divinos e gera de si conhecimentos sobre a gênese das coisas de Deus.

Este texto está sendo gerado mediante o conhecimento que Oxóssi gera de si, pois foi absorvendo-o que nos habilitamos a agregá-lo (Oxum), ordená-lo (Ogum), renová-lo (Oxumaré), direcioná-lo (Yansã), cristalizá-lo (Oxalá), equilibrá-lo (Xangô) e transmiti-lo ao plano material a fim de ace­ lerarmos a evolução (Obaluaiyê) dos umbandistas.

 

Oxóssi, por ser a divindade manifestadora do Conhecimento Divino, está em todas as qualidades de Deus manifestadas pelas Suas outras divindades, assim como todas estão em Oxóssi, que é em si mesmo o Conhecimento.

Seu magnetismo expande as faculdades dos seres, aguça o raciocínio e os predispõe a buscar a gênese das coisas (o conhecimento sobre elas). Logo, Oxóssi é o estimulador natural dessa busca incessante sobre nossa própria origem divina. E quanto mais sabemos sobre ela, maior é o nosso respeito para com a criação e mais sólida é nossa fé em Deus, pois passamos a encontrá-Lo em nós mesmos.

Então Oxóssi tanto está na natureza, como nos conhecimentos sobre a Criação, como está na fé porque nos esclarece sobre nossa origem divina e nos ensina a conhecer Deus racionalmente.

Por sua natureza expansiva e seu grau de divindade guardiã dos mistérios da natureza, Oxóssi é descrito nas lendas como um Orixá caçador e ligado às matas (os vegetais). Enquanto divindade, ele é o estimulador da busca do conhecimento e guardião dos segredos medicinais das folhas.

Enfim, Oxóssi é a divindade doutrinadora que esclarece os seres e a partir do conhecimento vai religando-os ao Pai Maior, o Divino Criador.

Por isso, e porque o Conhecimento está em tudo e em todos, assim como está nas outras qualidades divinas, Oxóssi é interpretado como a divindade que atua nos seres aguçando o raciocínio, esclarecendo-os e expandindo as faculdades mentais ligadas ao aprendizado das coisas religiosas, estimulando-os a buscar Deus sem fanatismo ou emotividade, mas com conhecimento e fé.

O magnetismo de Oxóssi expande a capacidade de raciocinar e fortalece o mental do ser, pois o satura com a sua essência e energia vegetal, curadoras das doenças emocionais e dos desequilíbrios energéticos que surgem a partir da vivenciação de conceitos errôneos paralisadores da evolução como um todo na vida das pessoas.

Oxóssi não pode ser dissociado do Divino Criador, pois é em si mesmo essa qualidade d’Ele, que a gera em Si mesmo e a emana para toda a Sua criação, assim como qualificou Oxóssi como Sua divindade, ligado ao raciocínio, ao conhecimento e que também o gera em si e de si.

Sim, Oxóssi gera conhecimentos a partir de si e os irradia a todos o tempo todo. Por isso ele polariza e se complementa com Obá, divindade cósmica gerada em Deus na Sua qualidade concentradora, que dá consistência e firmeza a tudo o que cria.

Obá é a divindade unigênita que possui um magnetismo negativo, atrator e concentrador, que polariza com Oxóssi e atua como concentradora do raciocínio dos seres, expandido por ele.

Ela é unigênita porque é em si mesma a qualidade concentradora do Divino Criador, qualidade esta associada à Verdade, já que só o que é verdadeiro tem em si mesmo uma densidade e uma resistência própria que o eterniza no tempo e na mente dos seres.

Obá, nas lendas, é tida como a “Orixá da Verdade”.

Este é um mistério  de Deus corretamente interpretado, pois ela é a divindade que é, em si mesma, a qualidade divina que esgota os seres cujo raciocínio se desvirtuou, gerando falsos conceitos religiosos, paralisadores da evolução e desequilibradores da fé.

Obá é circunspecta, de caráter firme e reto, de poucas palavras e de uma profundidade única nas suas vibrações retificadoras do raciocínio dos seres.

Oxóssi é visto como o doutrinador pensante, é expansivo. Já Obá é vista e interpretada como a mãe rigorosa, inflexível e irredutível nos seus pontos de vista (conceitos sobre a verdade). Ela não é envolvente, mas absorvente. Ela não é amorosa, mas corretiva, e não se peja se tiver de esgotar toda a capacidade de raciocinar de um ser que se emocionou e se desequilibrou mentalmente.

Obá, por ser em si a qualidade concentradora do criador Olorum, também gera em si suas hierarquias, racionalistas e circunspectas, e gera de si sua qualidade, que é passada aos seus filhos, que a absorvem e tornam-se racionalistas, circunspectos, muito observadores e pouco falantes.

Sintetizando Oxóssi e Obá, os regentes da irradiação do Conhecimento Divino, dizemos que:

Oxóssi é, em si, a qualidade divina que rege sobre os conheci­mentos e atua na vida dos seres, expandindo em cada um sua capacidade de raciocinar;

Obá é, em si, a qualidade divina que rege sobre os conheci­mentos e atua na vida dos seres, concentrando cada um em uma linha de raciocínio e abrindo sua mente para as verdades maiores, só encontradas em Olorum, o Divino Criador!

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QUARTA LINHA DE FORÇAS DIVINAS,

OU IRRADIAÇÃO DA JUSTIÇA DIVINA

 

Olorum gera tudo em Si, e uma de suas gerações é a Justiça Divina, que dá o devido equilíbrio a tudo o que gera.

Essa Sua qualidade equilibradora está em tudo e em todos, e mantém toda a criação divina em equilíbrio e harmonia, dando a tudo um ponto de equilíbrio.

Olorum gerou nessa Sua qualidade equilibradora de tudo e de todos uma Sua divindade que é em si mesma o equilíbrio divino que dá sustentação a tudo que existe, tanto animado quanto inanimado, surgindo o Trono da Justiça Divina, divindade unigênita porque é o Orixá do equilíbrio, da razão e do juízo divino.

Deus é justo e tudo o que gera, gera com equilíbrio, pois tudo atende a uma vontade Sua, às suas criaturas, espécies e seres. E Xangô, o Orixá da Justiça, independe de nossa vontade para atuar sobre nós, já que ele é em si mesmo essa qualidade equilibradora do nosso Divino Criador.

Xangô, por ser unigênito e ter sido gerado em Deus, é em si mesmo a Justiça Divina que purifica nossos sentimentos com sua irradiação incandescente, abrasadora e consumidora das emotividades.

Mas Xangô, enquanto qualidade divina, está na própria gênese das coisas como a força coesiva que dá sustentação à forma que cada agrega­ do assume, ou seja, ele está na natureza das coisas como o próprio equilíbrio, pois só assim elas não deixam de ser como são.

Ele tanto é o ponto de equilíbrio que dá sustentação à estrutura atômica de um átomo, como é a força que dá estabilidade ao Universo e a tudo o que nele existe, seja animado ou inanimado.

Xangô, por ser uma divindade gerada em Deus, também gera em si a qualidade onde foi gerado. Mas ele também gera de si essa sua qualidade equilibradora e a transmite a tudo e a todos.

Quem absorvê-la, toma-se racional, ajuizado e ótimo equilibrador, tanto dos que vivem à sua volta como do próprio meio em que vive. Um juiz é um exemplo bem característico dessa qualidade equilibradora irradiada por Xangô, e não importa que o juiz seja um “filho” de outro Orixá, pois a manifestará naturalmente, já que a justiça humana é a concretização da Justiça Divina no plano material.

Um juiz não consegue dissociar-se da qualidade da Justiça, à qual serve com toda a sua capacidade mental e intelectual, mas nunca emotivamente, pois é um racionalista nato.

Essa qualidade equilibradora está presente em todos os processos divinos (criação e geração). Por isso, assim que algo alcança seu ponto de equilíbrio, o processo criador ou gerador é paralisado e o que foi criado ou gerado estabiliza-se e adquire uma definição só sua que o qualificará dali em diante.

Com isso explicado, podemos entender a importância que tem essa qualidade divina, que na Umbanda a vemos nos procedimentos retos, justos e ajuizados dos caboclos de Xangô, Orixá da Justiça Divina, da razão e do equilíbrio. Por isso, quando evocamos sua presença, só o fazemos se for para devolver o equilíbrio e a razão aos seres e procedimentos desequilibrados e emocionados, ou para clamar pela justiça Divina, que atuará em nossa vida anulando demandas cármicas, magias negras, etc., devolvendo-nos a paz, a harmonia e o equilíbrio mental, emocional, racional e até nossa saúde, pois para estarmos saudáveis devemos estar em equilíbrio vibratório também no corpo físico.

Observem que o equilíbrio proporcionado por Xangô não se limita só a um aspecto de nossa vida, já que ele, enquanto qualidade equilibradora, está em  todos.

Xangô é o Trono de Deus gerador e irradiador do fator equilibrador, mas o limitamos quando deixamos de recorrer a ele para ajudar-nos em todos os aspectos e só o fazemos para anular demanda ou impor a Justiça Divina na vida dos seres desequilibrados.

Mas sempre que a Justiça Divina é ativada, tanto seu polo positivo quanto seu polo negativo são ativados, e aí surge Yansã, regente da Lei nos campos da Justiça.

Yansã é a divindade da Lei, cuja natureza eólica expande o fogo de Xangô e, assim que o ser é purificado de seus vícios, ela entra em sua vida redirecionando-o e conduzindo-o a outro campo onde retomará sua evolução.

Uma das qualidades de Deus é o Direcionamento que está presente e ativo em tudo o que Ele gera e cria.

É nesta Sua qualidade direcionadora de tudo o que existe, tanto animado quanto inanimado, que Ele gerou Yansã.

Então Yansã é  unigênita porque é em si mesma essa qualidade do Divino Criador, que a gerou em Si e tomou-a essa Sua qualidade divina.

Yansã, enquanto qualidade de Deus, está em tudo e em todos, e é a força móvel que direciona a Fé (Oxalá), a Justiça (Xangô), a Evolução (Obaluaiyê), a Geração (Yemanjá), a Agregação  (Oxum), a Lei (Ogum).

Ogum é a Lei, a via reta, mas Yansã é o próprio sentido de direção da Lei, pois ela é um mistério que só entra na vida de um ser caso a direção que este esteja dando à sua evolução e sua religiosidade não siga a linha reta traçada pela Lei Maior (Ogum).

Por isso ela não depende de nós para atuar em nossas vidas. Basta “errarmos” para que sua qualidade divina nos envolva numa de suas espirais, impondo-nos um giro completo e transformador dos nossos sentimentos viciados. Com isso, ela nos coloca novamente no caminho reto da vida, ou nos lança no Tempo, onde nossa religiosidade desvirtuada será paralisada e esgotada em pouco tempo.

Sua atuação é cósmica, ativa, negativa, mobilizadora e emocional, mas não é inconsequente ou emotiva porque ela é o sentido da Lei, que não é apenas punidora, mas também é direcionadora.

Xangô paralisa e purifica; Yansã movimenta e direciona.

São Orixás que formam a quarta irradiação divina, porque suas qualidades e elementos se complementam.

Resumidamente, podemos definir Xangô e Yansã assim:

  • Xangô é o fogo que nos purifica de nossos próprios vícios emo­ cionais, reequilibrando-nos;
  • Yansã é o ar que areja nosso emocional e nos proporciona um novo sentido da Vida e uma nova direção ou meio de vida.

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QUINTA LINHA DE FORÇAS DIVINAS,

OU IRRADIAÇÃO DA LEI

 

Olorum gera em Si mesmo uma Sua qualidade que é ordenadora de tudo e de todos, até mesmo de Sua geração divina.

Nessa Sua qualidade ordenadora, Ele gerou Ogum, que é em si mes­ mo essa qualidade divina de Olorum.

Ogum é sinônimo de Lei Maior, Ordenação Divina e retidão em todos os sentidos, porque é unigênito e gerado na qualidade ordenador, do Divino Criador.

Ogum não pode ser dissociado da Lei Maior, pois ele é a divindade que a aplica em tudo e a todos. Ele é a Ordenação Divina em si mesmo: ele ordena a Fé, o Amor, o Conhecimento, a Justiça, a Evolução e a Geração. Por isso está em todas as outras qualidades divinas.

Ogum, por ser unigênito e ser em si mesmo a ordenação divina, gera em si e de si.

Na sua geração em si, ele gera suas hierarquias. Na sua geração de si, ele gera sua qualidade à qual transmite aos seus filhos.

Já comentamos antes, mas vale a pena repetirmos: Ogum é a força que ordena tudo e todos, e tanto está presente na estrutura de um átomo, ordenadíssima, como na estrutura do Universo, divinamente ordenado.

Sua qualidade ordena a evolução, e por isso ele é tido como o Senhor dos Caminhos (das vias evolutivas).

Seu outro aspecto divino é o de aplicador “religioso” da Lei Maior, e independe de nós para aplicá-la e atuar em nossa vida, pois basta sairmos do caminho reto para ser tolhidos pelas suas irradiações retas e cortantes.

Suas irradiações retas são simbolizadas por suas “Sete Lanças” e as cortantes são simbolizadas pelas suas “Sete Espadas”.

Sua proteção “legal” é simbolizada pelos seus “Sete Escudos”, etc.

Bem, Ogum é em si mesmo a qualidade ordenadora e a divindade aplicadora dos princípios da Lei Maior.

Ele é eólico e polariza com Oroiná, Orixá do Fogo e trono consumidor dos vícios e dos desequilíbrios.

Oroiná é muito mais conhecida como uma das qualidades de Yansã do que como uma divindade do Fogo Cósmico, porque as lendas a definiram como uma Yansã. Mas isso não é verdade, porque ela é fogo em seu primeiro elemento e o expande no “ar” de Ogum, que é ordenador. Nele, ela é o raio que, onde cair, consumirá tudo à sua volta.

Uma das dificuldades de interpretarmos os Orixás só a partir do lega­ do religioso africano é devido a essa indefinição do trono ocupado por cada um. Então, juntam-se vários Orixás ao redor de um e aí, bem, tudo se confunde.

Porém, não nos guiamos só pelas lendas, e recorremos à ciência divina, que nos ensina que Oroiná é uma divindade ígnea, consumidora dos seres desequilibrados.

Quando evocamos Ogum para atuar em nosso favor e nos defender das investidas dos seres desequilibrados, poucos sabem disso, suas hierarquias policromáticas ativam seus pares opostos assentados nos polos magnéticos negativos, ativos e cósmicos da irradiação da Justiça Divina, cujos magnetismos são esgotadores dos desequilíbrios, das injustiças e do irracionalismo.

Como a Justiça Divina é o fogo que purifica os sentimentos desvirtuados, então surge uma divindade cósmica ígnea, que é em si mesma o fogo da purificação dos viciados e dos desequilibrados: Oroiná!

Essa divindade cósmica da Justiça Divina é, em si mesma, o Fogo da Purificação. Ela é unigênita porque foi gerada nessa qualidade cósmica do Divino Criador Olorum, e tanto a gera em Si como de Si.

Então temos na Umbanda Oroiná, Orixá cósmica consumidora dos vícios e dos desequilíbrios; purificadora dos meio ambientes religiosos (templos), das casas (moradas) e do íntimo dos seres (sentimentos).

Oroiná é Orixá ígnea, de magnetismo negativo, seu fogo é cósmico e consumidor, enquanto o de Xangô é universal e abrasador.

O fogo de Xangô aquece os seres e os toma calorosos, ajuizados e sensatos;

O fogo de Oroiná consome as energias dos seres apaixonados, emocionados, fanatizados ou desequilibrados, reduzindo a chama interior de cada um (sua energia ígnea) a níveis baixíssimos, apatizando-os, paralisando-os e anulando seus vícios emocionais e desequilíbrios mentais, sufocando-os.

Olorum gera em Si o Fogo Consumidor, que é uma de Suas qualidades, pois é cósmico, está espalhado por toda a Sua criação e criaturas e onde surgir um desequilíbrio o próprio magnetismo negativo do ser desequilibrado já começa a atrair, condensar e acumular esse fogo que, quando atingir seu ponto de incandescência consumista, o esgotará e o anulará.

Oroiná é, em si, esse fogo cósmico que está em tudo o que existe, mas diluído. Para ela atuar em nossa vida, não depende de nós, mas tão somente que nos tormentos  “irracionais”, apassionados  e desequilibrados.

Na Umbanda, ela é evocada para purificar  os seres viciados,  as magias negras, as injustiças, etc.

Resumimos Ogum e Oro Iná assim:

  • Ogum é a ordenação divina e a lei que rege a vida dos seres;
  • Oroiná é a divindade cósmica da Justiça que polariza com Ogum e é em si mesma o aspecto punitivo da Lei Maior regida por ele.

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SEXTA LINHA DE FORÇAS DIVINAS,

OU IRRADIAÇÃO DA EVOLUÇÃO

 

Olorum tudo cria e a tudo gera. Na Sua criação, está Sua estabilidade e nos seres está Sua mobilidade ou evolução incessante. Estabilidade e evolução, eis a sexta irradiação divina que está em tudo e todos, porque é uma qualidade do Divino Criador.

Essa Sua qualidade, Sua estabilidade, proporciona o meio ideal para os seres viverem, e na Sua mobilidade gera os recursos para os seres evoluírem. Sem estabilidade, um ser não evolui, pois tem de tê-la em todos os aspectos de sua vida.

Então Olorum gerou nessa Sua qualidade, uma divindade dual ou de dupla qualidade, tomando-a em si mesma essa Sua qualidade estabilizadora e evolutiva.E surgiu Obaluaiyê, Orixá dual por suas duas qualidades divinas, que rege a evolução dos seres.

Mas essa dupla qualidade está na própria gênese, pois sem estabilidade nada se sustenta e sem transmutação tudo fica paralisado. Obaluaiyê é essa dupla qualidade, que tanto sustenta cada coisa no seu lugar como conduz cada uma a ele.

Ele está no próprio Universo, pois é a estabilidade que sustenta cada corpo celeste no seu devido lugar, como é o movimento da mecânica celeste, que mantém todos os corpos em movimento contínuo.

Por isso Obaluaiyê é passivo na sua qualidade estabilizadora e ativo na sua qualidade mobilizadora.

Obaluaiyê não é Omulu, pois esse Orixá paralisa os processos gené­ ticos ou a vida dos seres desequilibrados.

Bom, retomando  nosso comentário, o fato é que evoluir é crescer mentalmente, é passar de um estágio para outro, é ascender em uma linha de vida de forma contínua e estável. E tudo isso a qualidade dual de Deus proporciona aos processos genéticos e aos seres.

Então surge Obaluaiyê, divindade unigênita gerada nessa qualidade do Divino Criador, que o toma em si mesmo a estabilidade e a mobilidade de tudo o que existe, seja animado ou inanimado.

Então vemos surgir o divino Trono da Evolução, que é em si mesmo essa qualidade dual de Deus.

Por que ela é dual?

Porque ela tanto proporciona a estabilidade quanto o movimento, condições imprescindíveis à evolução da vida.

Obaluaiyê está em todas as outras qualidades divinas como a estabilidade ou a eternidade de cada uma delas e como a mobilidade ou a atuação delas em tudo o que existe.

Ele, por ter sido gerado nessa qualidade dual e por sê-la em si mesmo, também a gera de si, fazendo surgir a hierarquia dos tronos da Evolução, como gera de si, irradiando sua qualidade a tudo e a todos, despertando em cada um essa vontade irresistível de seguir adiante, de alcançar um nível de vida superior, de chegar mais perto de Deus.

Sim, Obaluaiyê, na sua irradiação aceleradora da vida, dos níveis e dos processos genéticos, desperta tudo isso nos seres.

Então ele não é só o Orixá da Cura, mas também do bem-estar, da busca de dias melhores, de melhores condições de vida, etc.

Na Umbanda, Obaluaiyê é evocado como Senhor das Almas, dos meios aceleradores da evolução delas, e todos sentem uma calma e um bem-estar incrível quando um ser natural de Obaluaiyê baixa em um médium e gira no templo, pois ele traz em si a estabilidade, a calmaria, mas também traz a vontade de avançar, de seguir adiante e de ir para mais perto dos Tronos de Deus.

É certo que, por ser uma divindade, nos auxilia em todos os sentidos.

E, se um povo da África o cultuou como o “Deus” da varíola, é porque ele cura mesmo os enfermos.

Essa natureza  medicinal  de Obaluaiyê  tem  sido muito  evocada na Umbanda e muitos têm sido curados após clamar por sua intercessão em favor dos enfermos.

Obaluaiyê é, também, um Orixá curador. E a Linha das Almas ou Corrente dos Pretos Velhos é regida por ele, que podemos vislumbrar quando conversamos com espíritos dessa corrente: eles nos transmitem paz, confiança e esperança, e quando os deixamos, após consultá-los, temos a impressão de que tudo se transformou e nos sentimos bem.

Obaluaiyê gera de si, e os pretos velhos são os espíritos que captam direto dele suas irradiações, tomando-se, também, irradiadores dessa qualidade divina que estabiliza e transmuta a vida de quem os consultar.

A própria forma dos Pretos-Velhos incorporarem já e um reflexo dessa qualidade dual de Obaluaiyê, diante da qual todos se curvam, se aquietam e evoluem calmamente.

Todo ser natural de Obaluaiyê incorpora curvado e o mesmo acontece com os espíritos que atuam sob sua irradiação divina. O peso que pare­ cem carregar não é fruto da idade avançada ou velhice, mas é a ação da qualidade estabilizadora desse Orixá, telúrica na estabilidade e aquática na mobilidade.

OBALUAIYÊ É UM ORIXÁ TERRA-ÁGUA.

Terra = estabilidade

Água = mobilidade

 

Então vemos os Pretos-Velhos caminharem curvados, parecendo cansados. Mas quando se assentam em seus banquinhos para as consultas, aí são vivazes, observadores e sábios, sem deixarem de ser simples.

O modo peculiar que cada linha de Umbanda tem ao incorporar e ao se comunicar com os encarnados, tem a ver com a irradiação do Orixá que a rege, e não com a raça dos espíritos que se manifestam.

Tantas bobagens já foram escritas como sendo conhecimentos acerca dos Orixás e das linhas de Umbanda, que o melhor a fazer é decantar todo esse falso conhecimento e absorver o que temos transmitido via psicografia.

E quem melhor para decantá-los, senão Nanã Buruquê?

Sim, se Obaluaiyê é estabilidade e movimento, Nanã Buruquê é maleabilidade e decantação, pois ela é um Orixá água-terra que polariza com ele, dando origem à irradiação da Evolução.

Nanã Buruquê é cósmica, dual e atua por atração magnética sobre os seres, cuja evolução está paralisada e o emocional está desequilibrado.

Então ela faz com que a evolução do ser seja retomada, decantando-o de todo o negativismo, afixando-o no seu “barro” e deixando-o pronto para a atuação de Obaluaiyê, que o remodelará, o estabilizará e o colocará novamente em movimento ou em uma nova senda evolutiva.

Uma das falhas dos que abordam os Orixás é a mania que têm de achar que um Orixá é um fim em si mesmo e realiza tudo sozinho, dispensando a ação dos outros.

Isso é pura ignorância acerca dos Orixás, pois quando um assume uma ação todos os outros participam, ainda que de forma passiva. Se todos são qualidades divinas, então todos estão presentes em uma ação ativada por um deles.

Mas não é isso que transparece nas lendas e o que vemos é um individualismo pernicioso, contraproducente mesmo. Não é raro um filho deum Orixá achar-se superior aos filhos dos outros Orixás, chegando ao cúmulo de, se um estiver incorporado com o ser natural encantado de Ogum, por exemplo, outros filhos de Ogum não poderem incorporar, porque “Ogum” já está em terra.

Criaram tantos bloqueios contraproducentes, que em alguns casos chegam à beira do contrassenso religioso, muitos acham que incorporam o próprio Orixá Ogum, quando na verdade todos incorporam seres naturais de Ogum, ou de outros Orixás.

Observando com atenção as “verdades” transmitidas de boca em boca, chegamos à conclusão que ou os Orixás se renovavam na Umbanda ou uns poucos se apropriariam dos seus mistérios, e aí, bem diriam que eram os donos deles.

A renovação aconteceu e nenhum Orixá ficou bloqueado pela ação de uns poucos seres possessivos e vaidosos, espalhando horizontalmente o culto a esses mistérios do Criador e da Criação Divina.

Bem, viram como Nanã Buruquê atua?

Se escrevemos sobre ela, imediatamente sua irradiação nos envolve e sua qualidade decantadora começa a fluir nos nossos escritos, apontando os contrassensos praticados pelos que melhor poderiam abordá-los, mas não o fazem, pois os ocultam, os desvirtuam e os humanizam em excesso, atribuindo a eles até os vícios dos seus adoradores desvirtuados e desequilibrados.

Essas nossas colocações críticas sobre o que andam ensinando como conhecimentos sobre os Orixás é uma reação despertada por essa qualidade maleável e decantadora do Divino Criador que gerou nela, Nanã Buruquê, e a tomou em si essa Sua qualidade dual, ativando-a contra todos os conceitos errôneos, tirando deles suas “estabilidades” para, a seguir, decanta-los e enterrá-los no lodo da ignorância humana acerca das coisas divinas.

Nanã Buruquê é unigênita, pois foi gerada nessa qualidade dual do Divino Criador que a tomou sua qualidade, aquela que desfaz os excessos e decanta ou enterra os vícios.

Nanã Buruquê, por ser essa qualidade em si, também a gera em si, multiplicando-se nos seres e repetindo-se na qualidade divina que lhes transmite pela sua hereditariedade divina.

Ela forma com Obaluaiyê um par natural e são os Orixás responsáveis pela evolução dos seres.

Nanã Buruquê é dual porque manifesta duas qualidades ao mesmo tempo. Uma vai dando maleabilidade, desfazendo o que está paralisado ou petrificado, outra vai decantando tudo e todos dos seus vícios, desequilíbrios ou negativismos.

Por essa sua qualidade, ela é a divindade ou o mistério de Deus que atua sobre o espírito que vai reencarnar, pois ela decanta todos os seus sentimentos, mágoas e conceitos, e o adormece para que Obaluaiyê o reduza ao tamanho do feto no útero da mãe que o reconduzira à luz da carne.

Observem que tudo isso acontece com a maioria dos espíritos sem que tenham consciência de que isso está acontecendo, porque, como qualidades de Deus, Nanã Buruquê e Obaluaiyê fazem o que têm de realizar sem que saibamos que, ou como estão atuando sobre nós, sempre visando nosso bem-estar e nossa evolução contínua.

Resumidamente, definimos Obaluaiyê e Nanã Buruquê assim:

  • Obaluaiyê, Orixá que rege a evolução dos seres e é o Senhor das Passagens dos estágios e dos Planos da Vida;
  • Nanã Buruquê, Orixá que rege sobre a Evolução, decanta os seres de seus vícios e desequilíbrios e os adormece, preparando-os para a reencarnação.

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SÉTIMA LINHA DE FORÇAS DIVINAS,

OU IRRADIAÇÃO DA GERAÇÃO

 

Olorum cria e gera em Si mesmo tudo o que existe e tem nesta Sua faculdade criativa e geradora uma de Suas qualidades, pela qual Sua gênese divina vai surgindo e concretizando-se, já como o meio e como os seres que nele vivem.

A qualidade genésica do Divino Criador é a Fonte da Vida e das coisas que dão sustentação a ela.

Olorum cria e gera em Si mesmo, e criou e gerou nessa Sua qualidade uma divindade criativa e geradora, que é essa Sua qualidade em si mesma.

Então surgiu Yemanjá, divindade unigênita gerada na qualidade criativa e geradora de Olorum, que a tomou em si mesma a Sua qualidade criativa e geradora.

Ela é unigênita e por isso gera tanto em si quanto de si.

Quando gera em si, dá origem à sua hierarquia de tronos da Criação e tronos da Geração, que são divindades que manifestam uma dessas duas naturezas de Yemanjá.

Quando gera de si, ela irradia essa sua dupla faculdade, e quem a absorve toma-se criativo e gerador no aspecto da vida a que se dedicar.

A lenda nos diz que Yemanjá é tida como a mãe de todos os Orixás, e ela está relativamente certa, já que se algo existe é porque foi gerado. E, porque Yemanjá é em si mesma essa qualidade geradora do Divino Criador, então ela está na origem de todas as divindades.

Mas as coisas de Deus não acontecem assim, e Ele, quando começou a gerar, já havia ordenado sua geração. Então Ogum já existia e ordenava a geração de Yemanjá. Oxum já existia e agregava o que ela estava geran­ do, etc.

Bem, o caso é que Yemanjá é a “Mãe da Vida”, e como tudo o que existe só existe porque foi gerado, então ela está na geração de tudo o que existe.

Ela tem nessa sua qualidade genésica um de seus aspectos mais marcantes, pois atua com intensidade na geração dos seres, das criaturas e das espécies, despertando em cada um e, em todos, um amor único pela sua hereditariedade.

O amor maternal é uma característica marcante dessa divindade da Geração e quem se coloca de forma reta sob sua irradiação logo começa a vibrar esse amor maternal, que aflora e se manifesta com intensidade.

Yemanjá, por ser em si a Geração, está na gênese de tudo como os próprios processos genéticos. E se a qualidade Oxum agrega, ou funde o espermatozoide e o óvulo, Yemanjá é o processo genético que inicia a mul­ tiplicação celular, ordenada por Ogum, comandada por Oxóssi, direcionada por Yansã, equilibrada por Xangô, estabilizada por Obaluaiyê e cristalizada num novo ser por Oxalá.

Viram como um Orixá não dispensa a atuação dos outros e como todos são fundamentais e indispensáveis a tudo o que existe?

Bem, Yemanjá,  a nossa Mãe da Vida, é por demais conhecida em alguns de seus aspectos. Mas em outros é totalmente desconhecida.

Ela, por ser em si mesma a qualidade criativa e geradora de Olorum, então gera de si duas hierarquias divinas: uma é regida pelo Trono da Criatividade, que gera em si mesmo essa qualidade e a irradia de forma neutra a tudo o que vive, tomando todos os seres, criaturas e espécies muito criativos e capazes de se adaptar às condições e meios mais adversos; outra, é regida pelo Trono da Geração, que é em si mesmo a qualidade genésica do Divino Criador, e gera e irradia essa qualidade a tudo e a todos, concedendo a tudo e a todos a condição de se fundir com coisas ou seres afins para multiplicar-se e repetir-se.

minerais afins fundem-se e dão origem aos minérios;

elementos afins fundem-se e dão origem a novos elementais;

energias afins fundem-se e dão origem a novas energias;

cores afins fundem-se e dão origem a novas cores;

seres afins  (machos  e fêmeas  de uma  mesma  espécie) fundem-se e dão origem a novos  seres.

Os tronos da Geração regem sobre esse aspecto da gênese, e não só sobre o sexo em si mesmo.

O campo desses tronos é tão vasto na vida dos seres e na criação divina, que os definimos melhor se simplesmente disser­mos: “Os tronos da Geração estão na gênese de tudo e de todos porque são uma das características de Yemanjá, que é em si mesma a Geração Divina”.

Portanto, Criatividade e Geração são os dois lados de uma mesma coisa: Gênese Divina!

E Yemanjá as manifesta em suas duas hierarquias de tronos: os da Criatividade e os da Geração.

Por ser a divindade da Criatividade e da Geração, Yemanjá está em todas as outras qualidades divinas, mas polariza com o Orixá Omulu e faz surgir a irradiação da Geração, que tem nele o recurso de paralisar todo processo criativo ou gerativo que se desvirtuar, se degenerar, se desequilibrar, se emocionar ou se negativar.

Deus tanto cria e gera quanto paralisa a criação que não mais atende aos Seus desígnios e paralisa a geração que não atende à Sua vontade. Essa Sua qualidade é um recurso para paralisar tudo e todos que estiverem criando ou gerando em sentido contrário (desvirtuado) ao que Ele estabeleceu como correto (virtuoso).

E aí surge Omulu, divindade unigênita gerada nessa qualidade de Olorum, que o tomou em si mesmo esse seu recurso paralisador de toda a criação ou geração desvirtuada.

Omulu, divindade unigênita, gera tanto em si como de si.

Quando gera em si, faz surgir sua hierarquia de tronos cósmicos, ativos, negativos, secos, implacáveis e rigorosíssimos com toda criatividade e gera­ ção desvirtuada, desequilibrada, emocionada ou contrária aos sete sentidos da Vida.

  • Religiosidade contrária ao sentido da Fé, lá está o Omulu Cristalino para paralisá-la e esgotá-la;
  • Amor apassionado, lá esta o Omulu Mineral para desapassioná-lo e esgotá-lo;
  • Conhecimento desvirtuador das verdades, lá está o Omulu Vegetal para anulá-lo e esgotar quem o está difundindo.
  • Enfim, Omulu, como qualidade paralisante, também está em todas as outras qualidades e será ativado assim que seus irradiadores ou os seus beneficiários se excederem ou se omitirem.

O Mistério Omulu transcende a tudo o que possamos imaginar e as lendas o limitaram a alguns de seus aspectos, na maioria negativos, tomando-o temido e evitado por muitos adoradores dos Orixás.

Se Omulu rege sobre o “cemitério” e sobre os espíritos dos “mortos”, é porque esses espíritos atentaram contra a vida ou algum dos seus senti­ dos. Logo, só deve temê-lo quem assim proceder, pois aí, queira ou não, será alcançado por sua irradiação paralisadora que atuará sobre seu magnetismo e o enviará a um meio, onde só seus afins desequilibrados vivem.

“A cada um segundo seu merecimento”, é o que diz a Lei. Já o Mistério Omulu aplica esse princípio em seu aspecto negativo e o define assim: “A cada um segundo seus atos. Se positivos, que sejam conduzidos à luz da vida, mas se negativos, que sejam arrastados para os sombrios domínios da morte dos sentidos e sentimentos desvirtuadores da vida”.

Resumidamente, definimos Yemanjá e Omulu assim:

  • Yemanjá é a Mãe da Vida, pois gera vida em si mesma;
  • Omulu é o Guardião da Vida, pois paralisa todos que atenta­rem contra ela, e os pune com um rigor único.

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CONSIDERAÇÃO FINAL SOBRE

A TEOGONIA DA UMBANDA

 

Bem, temos aqui toda uma teogonia das divindades que se manifestam na Umbanda, formando um tratado teológico sobre as divindades de Deus, pois o que aqui comentamos não se baseou nas lendas sobre os Orixás, mas sim nas suas qualidades divinas, às quais manifestam o tempo todo e as irradiam, pois  são em si essas qualidades d’Ele.

Jamais um Orixá deve ser dissociado de Deus, pois ele é parte d’Ele e só deve ser visto e adorado como tal, nunca como o próprio Deus, pois só um Deus existe, e está na gênese de tudo e de todos, de Suas qualidades divinas e das divindades manifestadoras delas.

Recomendamos que leiam e estudem as lendas dos Orixás e as gêneses que nos legaram nossos irmãos africanos, assim como as de outras religiões e continentes.

Temos a certeza de que, no final, ao compará-las com o que aqui comentamos, encontrarão na nossa descrição das divindades o que nas outras teogonias está colocado de forma hermética, ou está velada, ou sequer foi colocado.

Afinal, cada teogonia serve a um tempo, a um povo, a uma cultura e a uma religião, e obedece à capacidade interpretativa de quem a formatiza e a concretiza como um todo sagrado a ser adorado e reverenciado, pois é a  manifestação  do  Divino  em  nossa  vida,  fé e crença em  Deus  e  nas  Suas  divindades.